Médico-veterinário, pós-graduado pela ESPM, MBA em finanças pelo Insper-SP e sócio diretor da Radar Investimentos
Foto: Scot Consultoria
Parece que finalmente o mercado vai deixando o final da safra para trás e aos poucos um ambiente de maior firmeza vai chegando ao mercado físico de boi gordo. As escalas não têm evoluído da forma como vinha acontecendo nas últimas semanas e apesar de os aumentos de preço ainda estarem ocorrendo de forma comedida, o primeiro passo em direção a entressafra já foi dado.
Os efeitos da greve dos caminhoneiros, que causou um grande desarranjo, tanto no mercado de boi como no de carne, estão ficando para trás e agora voltará a prevalecer a boa e velha oferta e demanda na precificação do boi gordo.
Tendo isso em mente, com a sensível diminuição de oferta esperada para os próximos meses a tendência natural dos preços é voltar a trabalhar em ambiente positivo.
O que tem jogado contra, por enquanto, é a demanda que tem decepcionado tanto no mercado interno como no mercado externo. Os dados de exportação das três primeiras semanas de junho foram decepcionantes e se o ritmo for mantido nessa semana, iremos exportar ao redor de 65 mil toneladas no mês, o que representa uma queda de 35% com relação a junho de 2017.
A boa notícia nesse front é que o preço médio por tonelada literalmente explodiu, subindo 25% em dólares e 30% em reais. Esses dados, no entanto, têm que ser analisados com um pouco mais de profundidade e não necessariamente demostram uma tendência, podendo ser fruto do direcionamento momentâneo das exportações para mercados como a Europa, que compram volume menor, mas com maior valor agregado. De toda forma com o dólar caminhando firmemente em direção ao patamar de R$4,00 a expectativa para as exportações do segundo semestre permanecem positivas.
Ao que tudo indica, a questão agora não é mais “se” os preços subirão, mas sim o “quanto” eles subirão. O mercado futuro da B3 já antecipou esse movimento e precifica altas bastante consistentes para toda a entressafra, com julho saindo ao redor de R$143,50/@, agosto R$146,00/@, setembro R$148,00/@ e outubro R$150,50/@, ou seja, R$4,30; R$6,80; R$8,80 e R$11,30 acima do último indicador à vista que foi R$139,20/@.
É todo esse ágio que motiva o título desse texto de que o “ótimo é inimigo do bom”. Com tanto alta já embutida na curva futura, será que é prudente apostar em um movimento ainda mais acentuado do que esse? Será que o produtor que tem seus custos definidos e que esteja tendo margens razoáveis na engorda já não deveria fixar ou então comprar seguro de preços mínimos para sua produção?
Historicamente são raros os momentos que o mercado futuro “dá de bandeja” ágios tão grandes como os atuais, e nesse momento, ficar esperando pelo preço ótimo pode fazer você perder o preço bom... O ano de 2016, onde os preços ficaram mais de 30 dias acima do R$165,00/@ para depois despencar para os R$150,00/@ foi um bom exemplo de que não devem ser desperdiçadas boas oportunidades de preços desde que eles garantam boa rentabilidade frente ao custo. Para quem quiser apostar em altas maiores, a segurança do preço mínimo garantido é a melhor alternativa.
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