Fonte: IBGE
1. Produção de leite
Do último Censo divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), realizado em 2006, até o atual, de 2017, onze anos se passaram.
Nesse período, a produção brasileira de leite teve incremento de 46,4%, totalizando 30,1 bilhões de litros em 2017. Isto significa 867,9 milhões de litros a mais por ano.
Dentre os cinco principais estados produtores, o que apresentou maior crescimento no período foi Santa Catarina, com alta de 103,1% no volume. Já na Paraíba, Alagoas, Maranhão, Piauí e Amapá houve redução na produção no período.
Tabela 1. Quantidade produzida de leite de vaca nos estabelecimentos agropecuário, em mil litros e variação em porcentagem.
Fonte: IBGE / Compilado por Scot Consultoria – www.scotconsultoria.com.br
Quando comparamos os dados do Censo com os da Pesquisa Pecuária Municipal (PPM), também do IBGE, temos uma tendência parecida, de crescimento da produção. Segundo a PPM, o incremento entre 2006 e 2016 (últimos dados disponíveis) foi de 32,4%.
No entanto, em termos de volume absoluto existe uma diferença de 11,7% ou 3,5 bilhões de litros a mais na produção estimada na PPM, em relação ao último Censo. Segundo a PPM a produção nacional foi de 33,6 bilhões de litros ao final de 2016.
Cruzando estes dados com a produção formal de leite no país (Pesquisa Trimestral do Leite, do IBGE), que somou 24,3 bilhões de litros em 2017, teríamos 9,3 bilhões de litros na informalidade (PPM), volume que cairia para 5,8 bilhões de litros levando em conta os dados do Censo 2017.
2. Rebanho leiteiro
Um ponto importante é que a produção de leite cresceu, mas o rebanho diminuiu. Ou seja, a produtividade por vaca aumentou no período analisado.
Segundo os dados preliminares do Censo 2017, o rebanho leiteiro nacional passou de 12,7 milhões de vacas ordenhadas em 2006 para 12,0 milhões em 2017, uma queda de 5,7%.
Desta forma, a produtividade média, que era de 1,6 mil litros de leite por vaca em 2006, passou para 2,5 mil litros/vaca em 2017, alta de 55,2%.
Os dados nos mostram que a atividade leiteira vem se tecnificando no país, e o uso de tecnologia tem resultado em ganhos produtivos.
Alguns exemplos, são o crescimento de 52,0% no uso de irrigação e aumento de 50,0% na quantidade de tratores na agropecuária, frente ao Censo anterior.
3. Número de estabelecimentos agropecuários
Em onze anos o número de estabelecimentos agropecuários diminui 2,0% no Brasil, saindo de 5,175 milhões de propriedades em 2006 para 5,072 milhões em 2017.
Tabela 2. Número de estabelecimentos agropecuários no Brasil.
Fonte: IBGE / Compilado por Scot Consultoria – www.scotconsultoria.com.br
Na pecuária de leite, esta redução foi mais acentuada. A quantidade de estabelecimentos que produzem leite diminuiu 13,3%, saindo de 1,350 milhão de propriedades em 2006 para 1,171 milhão em 2017.
O número de propriedades leiteiras diminuiu com mais força no Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo e Santa Carina, ou seja, em importantes bacias leiteiras. Os recuos foram de 36,6%, 27,3%, 24,6% e 20,2%, respetivamente.
Este resultado é reflexo dos últimos anos de resultados ruins e margens apertadas na atividade leiteira.
Dentre as principais bacias produtoras, o único estado que registrou aumento no número de propriedades leiteiras no período foi Goiás, com aumento de 3,8%.
Tabela 3. Número de estabelecimentos agropecuários no país que produziram leite.
Fonte: IBGE / Compilado por Scot Consultoria – www.scotconsultoria.com.br
Dividindo a produção de leite pelo número de propriedades, temos uma média de 41,7 litros por dia por propriedade em 2006 e de 70,2 litros por propriedade em 2017. Crescimento de 68,9% no período.
4. Pecuária de corte
Com relação ao rebanho bovino, existem divergências nos dados do Censo 2017 e da PPM.
Segundo o Censo Agropecuário, o rebanho bovino brasileiro é de 171,8 milhões de cabeças, já a PPM estima um rebanho de 218,2 cabeças, uma diferença de 46,4 milhões de cabeças.
Não é a primeira vez que essa diferença nos dados é constatada. Em 2006 a diferença entre os dados foi de 29,7 milhões de cabeças a mais nos dados da PPM.
Uma possível explicação está relacionada às metodologias de coleta dos dados, já que o Censo Agropecuário promove entrevistas diretas com os responsáveis pelos estabelecimentos pecuários, enquanto que a PPM utiliza os dados da campanha de vacinação de febre aftosa, além de ser uma pesquisa anual. No caso do Censo, não existe uma regularidade de apresentação dos dados. Outro ponto importante é que o Censo reflete a situação da propriedade no momento da pesquisa/entrevista.
Figura 1. Rebanho brasileiro de bovinos, em milhões de cabeças.
Fonte: IBGE / Compilado por Scot Consultoria – www.scotconsultoria.com.br
Outro fato que chama a atenção é a tendência de evolução do rebanho.
Segundo o Censo, houve queda de 2,4% no rebanho bovino brasileiro entre 2006 e 2017, enquanto a PPM estima um incremento de 6,0% entre 2006 e 2016.
Um ponto importante revelado pelos dados prévios do Censo é o aumento da produtividade da atividade pecuária.
A área de pastagens no país, diminuiu 6,5% em relação a 2006 enquanto a produção de carne bovina cresceu 225,3% no mesmo período.
Além disso, os dados demonstram a melhoria de eficiência do setor que, apesar de sempre ser motivo de duras críticas, está cumprido seu papel e está caminhando para a sustentabilidade da pecuária.
Figura 2. Área de pastagem (em milhões de hectares, eixo da esquerda) e produção brasileira de carne bovina (em mil toneladas, eixo da direita).
Fonte: IBGE / Compilado por Scot Consultoria – www.scotconsultoria.com.br
5. Aves e suínos
Os resultados preliminares do Censo Agropecuário 2017 referentes a produção de aves também diferem dos dados da PPM em termos de volume absoluto, mas seguem a mesma tendência, de crescimento no número de animais.
A quantidade de aves no Brasil, segundo o Censo Agropecuário, era de 1,45 bilhão de animais em 2017, 7,5% a mais em relação aos dados da PPM, de 1,35 bilhão de aves em 2016.
No ano de publicação do Censo anterior, 2006, a quantidade de aves era 13,0% maior em relação aos números da PPM.
Figura 3. Quantidade de aves no Brasil, em bilhões de animais.
Fonte: IBGE / Elaboração: Scot Consultoria – https://www.scotconsultoria.com.br
Para os suínos, o Censo Agropecuário mostrou quantidades menores de animais em relação à PPM.
No entanto, a tendência foi a mesa, de crescimento no número de animais no período analisado.
O número efetivo do rebanho publicado pelo Censo é de 3,92 milhões em quanto que a PPM aponta que o país já tenha 4 milhes de suínos. Os números de ambas as pesquisas estão próximos, com uma diferença de 2%, contudo essa diferença entre os dados do IBGE já foi maior.
No Censo anterior, de 2006, o rebanho suíno era 11% menor em relação aos dados do PPM de 2006.
Figura 4. Rebanho suíno no Brasil, em milhões de cabeças.
Fonte: IBGE / Elaboração: Scot Consultoria – https://www.scotconsultoria.com.br
As duas pesquisas também apresentaram resultados diferentes no que se diz respeito à participação dos estados no total de suínos em território nacional.
O Paraná, por exemplo, se destaca como o estado com maior rebanho de suínos no Brasil, de acordo com a PPM, com 7,13 milhões de animais, equivalente a 17,8% do total de suínos no país.
Já os números do Censo mostram uma participação um pouco menor do estado em relação ao total, de 15,8% e, com isso, o Paraná aparece na terceira posição em relação ao efetivo de suínos.
Segundo o Censo, Santa Catarina é o principal estado em termos de rebanho suíno, com 8,4 milhões de animais ou 21,5%, do rebanho nacional. Segundo a PPM, Santa Catarina está na segunda posição com 6,8 milhões de cabeças, representando 17,2% do total nacional.
Tabela 4. Efetivo de suínos por estado, em 2017.
Fonte: IBGE / Elaboração: Scot Consultoria – https://www.scotconsultoria.com.br
Nos períodos analisados, o efetivo de aves cresceu 33,69% segundo os dados da PPM e 27,13% segundo o Censo Agropecuário.
Paras os suínos, o crescimento no rebanho foi de 13,58% e 25,6% de acordo com os dados da PPM e do Censo Agropecuário.
Considerações finais
Os dados do Censo Agropecuário 2017 são preliminares e a previsão é de que os dados finais, consolidados, sejam apresentados pelo IBGE em junho de 2019.
Isto significa que as informações poderão ser revisadas.
De qualquer maneira, os números prévios nos mostram um ganho produtivo na atividade pecuária brasileira e tendência de crescimento para as principais atividades.
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