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Scot Consultoria

O boi ficou para trás...até quando?


Quinta-feira, 23 de agosto de 2018 - 15h25

Médico veterinário, pós-graduado pela ESPM, MBA em finanças pelo Insper-SP e sócio diretor da Radar Investimentos


Foto: Scot Consultoria


Esta semana foi bastante tumultuada para todos os ativos do mercado financeiro, com as pesquisas eleitorais dando um aperitivo do que pode ser a volatilidade durante a campanha presidencial. O principal termômetro disso foi o dólar, que superou a barreira dos R$4,00 e atingiu sua cotação máxima desde o início de 2016.

A alta do dólar traz reflexos em todas as commodities exportadas pelo Brasil e as mais diretamente impactadas são principalmente soja e milho, cujos reflexos de alta são praticamente imediatos. Não bastasse isso, a explosão dos custos com logística para o transporte desses grãos depois da famigerada “tabela de fretes” deixou muitas operações literalmente sem conseguir saber qual preço usar na composição das dietas para o confinamento. Isso tudo sem contar com o aumento dos custos da ureia pecuária e toda linha de minerais usados na suplementação do rebanho.

A reação da arroba no mercado físico e futuro até o momento não acompanhou nem de perto a evolução dos insumos citados acima, de modo que o encarecimento desses produtos impactou a margem da atividade de confinamento, que foi desestimulada. Apenas para refrescar a memória, da última vez que o dólar rompeu a barreira dos R$4,00 em 26/2/2016 o Índice Esalq à vista do boi gordo estava em R$156,00/@ e o contrato de out/16 estava cotado a R$165,00/@. Estamos novamente com um dos menores valores da arroba em dólares dos últimos cinco anos como pode ser observado na figura abaixo.

Figura 1.
Arroba em São Paulo, em dólares, e média desde 2013.
Fonte: Radar Investimentos / Broadcast / Cepea

Como dissemos no título desse texto, o fato é que o boi ficou para trás na comparação com praticamente todos os itens do seu custo de produção e uma hora essa distorção terá que ser corrigida. O ambiente atual é de franca restrição de oferta, com todos os diferenciais de base muito fechados em relação à praça paulista, sugerindo que alguma movimentação de alta no físico será difícil de ser evitada. Se por um lado o mercado interno ainda atua como um limitador para as cotações, por outro as exportações na esteira do dólar acima de R$4,00 podem ser o gatilho para essa movimentação.

 


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