Médico veterinário, pós-graduado pela ESPM, MBA em finanças pelo Insper-SP e sócio diretor da Radar Investimentos
Foto: pixabay.com
No mercado de boi gordo, a situação continua parecida com a da semana passada, ou seja, as indústrias seguem aproveitando o maior fluxo de saída de gado confinado para tentar (e algumas vezes conseguir) impor recuos às cotações. De toda forma, a barreira psicológica dos R$150,00/@, à vista, sem descontar Funrural, tem sido difícil de se romper para baixo, de modo que os preços têm oscilado ao redor ou um pouco abaixo desse patamar. O fato é que hoje existem duas realidades de mercado bastante distintas, a das indústrias maiores, que têm o fluxo de oferta da entrega do gado comprado a termo, e a das indústrias menores, que têm que se abastecer somente no mercado de balcão. Quem já tem parte das escalas preenchidas pelo “boi a termo” acaba pressionando os preços com maior intensidade e tem tido algum sucesso em originar animais abaixo dos R$150,00, sem descontar o Funrural, seja à vista ou a prazo.
O mercado futuro segue praticamente nivelado nos R$147,00/@ à vista e livre de Funrural, que tem sido a referência das negociações dos contratos de out/18 e nov/18, sem força para romper definitivamente nem para cima e nem para baixo esse patamar. O volume de negócios também caiu muito e sem uma nova rodada de oscilação de preços no mercado físico a tendência é mesmo que o marasmo domine as negociações nesse final de mês.
Figura 1. Milho em Campinas-SP, R$/saca.
Fonte: Scot Consultoria – www.scotconsultoria.com.br
A mercadoria cuja oscilação tem mais chamado a atenção nas últimas semanas é o milho, que vem em queda ininterrupta desde início de agosto, quando os preços saíram do patamar de R$41,00/saca para os atuais R$35,00/saca, numa queda de 15%, cujo gatilho foi a queda do dólar e diminuição do volume exportado e o consequente direcionamento da mercadoria para o mercado interno.
Obviamente toda a curva de preços futuros do milho também acompanhou a queda dos preços do físico e, com isso, pode estar se abrindo uma boa janela de fixação de preços para os usuários de milho em 2019. Os contratos para jan/19 e mar/19 estão ao redor de R$36,00/saca e o de maio está em R$35,00/saca. O contrato de set/19, que representa os preços da safrinha do cereal estão cotados em R$34,00/saca. A relação de troca @/saca de milho, indicada pelos preços futuros de boi gordo e milho está atualmente em 4,6 sacas/@. Apenas como referência, a média histórica dessa relação é 4,1 sacas/@.
Os preços do milho são amplamente impactados pela evolução do preço do dólar, então, tomar qualquer atitude antes das eleições de domingo pode significar se expor a uma volatilidade grande, dependendo do resultado das eleições. Além disso, o clima no plantio da safra de soja e de milho verão tem sido muito positivo e próximo do ideal, o que denota a possibilidade de melhor oferta à frente. Porém, é importante ter em mente que a estrutura de preços do cereal tem se alterado ao longo dos anos, com o maior uso de silo bolsa para armazenar o excedente da produção, o aumento do uso de milho destinado à produção de etanol e finalmente a tabela de frete mínimo, que também modificou a precificação do cereal. Com tantas variáveis para serem consideradas, a tendência é que tenhamos muita volatilidade de preços por isso é importante ficar atento para aproveitar possíveis distorções.
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