Douglas Coelho é zootecnista formado pela UNESP – Jaboticabal-SP e sócio da Radar Investimentos
Foto: Scot Consultoria
A pecuária não é uma ciência exata. Pelo contrário, em minha opinião, ela é uma atividade mais biológica do que alguma expressão quantitativa. Penso nisso porque a interferência do clima, seja aqui ou em países relevantes para agropecuária, já trouxe mudanças significativas dos preços internos no passado.
Aproveito este espaço para chamar a atenção do leitor em relação às chuvas abundantes em todo país desde o início de outubro. Não precisa ir muito longe para lembrar que em 2016 e 2017 as chuvas demoraram para chegar. Em 2015, a situação foi mais crítica e a crise hídrica virou notícia em nível nacional.
Neste ano a situação é outra. De out/18 até 15/nov, o volume de chuvas nas regiões com relevância aumentou, e muito. Na região de Cuiabá-MT, São Pedro ajudou com 26,4% mais água em relação ao mesmo período do ano anterior. Olhando para as áreas de Dourados-MS, o volume foi 80,1% maior. Já em Araçatuba-SP, choveu 52,7% mais frente a 2017. Isso sem falar em Uberaba-MG, onde as precipitações tiveram volume 3,1 vezes acima do ano passado.
O quadro não se limita apenas ao Centro-Sul, com um breve exemplo da região Norte, em São Félix do Xingu-PA, o volume de chuva também foi 21% maior na comparação anual.
Diante desta abundância é possível pensar em alguma antecipação da safra de boiadas em relação aos anos anteriores.
A outra bonança no rumo do pecuarista nos últimos dias foram os anúncios da possível ampliação dos frigoríficos pela China e da habilitação dos frigoríficos de frango (principal proteína concorrente da bovina) para o México. Estes são pilares sólidos para as exportações em 2019.
Depois de dias “em off” em função dos últimos feriados, o mercado físico deve voltar à normalidade, mas isso não significa necessariamente um aumento dos negócios, já que passamos por uma transição entre o final das boiadas de cocho e pequenos volumes de animais de pasto.
O mercado futuro do boi gordo também esteve travado com menos dias úteis. No entanto, estas mudanças climáticas e a formação de novos pilares para a demanda podem trazer oportunidades para os pecuaristas garantirem os preços dos primeiros meses de 2019 entre R$2,0-R$4,0/@ acima do indicador físico de hoje.
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