Médico veterinário, pós-graduado pela ESPM, MBA em finanças pelo Insper-SP e sócio diretor da Radar Investimentos
Foto: moneytimes.com.br
Em 2019 até agora o mercado financeiro vinha numa espécie de lua de mel com o Brasil, com as ações batendo recordes seguidos de alta e o dólar em forte queda. Esse otimismo veio na esteira da proposta de Reforma da Previdência apresentada pela equipe econômica do governo, com o mercado reagindo muito positivamente ao seu conteúdo. Nessa situação, o dólar recuou muito forte ao longo de 2019, chegando a fazer mínimas muito próximas dos R$3,50. Nessa trajetória, abordamos algumas vezes nesse espaço as dificuldades que o dólar em queda poderia impor às exportações brasileiras, que vinham num ritmo muito forte.
As últimas semanas, no entanto, mostraram que o otimismo do mercado era mesmo excessivo e a realidade da dificuldade para formar uma base parlamentar para a aprovação das reformas, juntamente com piora nos dados econômicos no mundo, mudou abruptamente o humor, fazendo com que o dólar operasse em forte alta, estando cotado na máxima do ano até o momento em R$3,86.
Figura 1.
Cotação do dólar desde o início de 2018.
Fonte: Broadcast / Elaboração: Radar Investimentos
Se quando o dólar estava em queda ele gerava preocupação por impactos negativos nas exportações, agora com ele em alta as expectativas são ainda mais positivas. Com o mercado interno ainda sem conseguir mostrar uma dinâmica positiva, a boa margem e os bons volumes na exportação são fundamentais para possíveis melhoras no preço do boi gordo ao longo do ano. Nesse aspecto, a alta do dólar, caso seja duradoura, é uma ótima notícia para a indústria, a porcentagem dessa melhora que será repassada aos produtores vai depender do ritmo da oferta ao longo do ano.
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