Médico veterinário pela UNESP campus de Jaboticabal, especialização em produção animal pela UFLA e atual Consultor senior da CRIATEC - Consultoria em Agronegócios.
Foto: William Marchi, fazenda Morro do Peo, Uruta - GO
O tempo passou, muitas coisas mudaram no campo, principalmente as pessoas. Aqueles pecuaristas ditos “tradicionais” estão dando lugar a uma nova geração. Pessoas conectadas, pessoas instruídas, pessoas empreendedoras e principalmente com propósitos.
Consequentemente suas fazendas também se transportaram para esta nova geração, propriedades norteadas por resultados econômicos, sociais e ambientais, onde o foco está direcionado a pessoas, que geram resultados. Onde os propósitos passaram a ter valor, a manutenção da dignidade do ser humano, da preservação ambiental, do bem estar animal, da manutenção do solo, da biodiversidade, tudo passou a fazer parte deste “pacote da nova geração”.
Estas ações passaram a ter números, a utilizar tecnologia, a monitorar o dia a dia e a buscar alternativas para apresentar, de forma clara, estas mudanças para si e para a sociedade. Sociedade esta que também passou a cobrar por esta responsabilidade sócio ambiental por parte destes novos fazendeiros. Chegamos até a dizer que hoje estas fazendas possuem muitos “donos”.
E daí, será que estamos realmente preparados para esta nova era? Onde a única coisa certa é a mudança? Se pegarmos o desenvolvimento das atividades destas fazendas modernas, podemos ver que este dinamismo passa a ser o maior desafio, acompanhar a velocidade a que as coisas são expostas. Acompanhar as mudanças de rumos que devem ser estruturadas, ao grande volume de informações que se consegue coletar no campo, tudo isso tem exigido muito desta nova geração de pessoas que estão no campo.
Desde o tratorista até o proprietário, todos estão tendo que se adaptar a esta nova era. Por mais tecnológica que possa parecer, a maior dificuldade ainda está no item principal que é o material “humano”. Por mais que tentamos automatizar estas ações, implementar controles, implantar softwares, aplicativos, balanças e identificadores eletrônicos, pilotos automáticos nas máquinas, estações meteorológicas nas nuvens, imagens de satélite e quanto mais “modernidades” possamos embarcar em nossas fazendas, ainda temos pouca habilidade em lidar com as pessoas.
Conduzir nossa equipe para lidar com estes “pacotes tecnológicos” e conseguir extrair deles o mais importante que são os resultados, as informações e daí tirar disso a assertiva tomada de decisão.
É comum vermos fazendas inteiramente travestidas com sensores, leitores, equipamentos autônomos, enfim toda uma alegoria e pirotecnia que salta aos olhos, porém sem um gestor capaz de traduzir toda esta “parafernália” em resultados práticos, em ferramentas de tomada de decisão, em um “dash board” um painel de controle para a tomada de decisão que irá levar a melhores resultados. Resultados estes tratados de uma forma ampla, do ponto de vista econômico e socioambiental, e que, principalmente se consiga explicitar isso a seus colaboradores, a seus clientes, fornecedores e à sociedade como um todo.
Fazer com que esta avalanche de dados possa ser entendida e avalizada pela sociedade, buscar que todo este esforço se reverta em reconhecimento social. Este sim talvez seja o nosso maior desafio, transformar nossa sociedade em um verdadeiro aliado e não em um adversário ferrenho que hoje se mostra.
A fórmula mágica não estará no uso da tecnologia, mas sim em saber utilizar a ferramenta mais importante “Gente”, que entende de Gente que entende de Negócios que entende de Tecnologias. Se cuidarmos deste trinômio, todos os passos adiante ficarão facilitados. Simplicidade tecnológica aliada a pessoas arrojadas e capacitadas continuamente, regidas por uma liderança participativa, sempre será a fórmula infalível.
Na frase até pode parecer simples, porém é um dom de poucos, e aí que devemos buscar ajuda de alguns, um “personal training” do agro, uma mentoria competente, que irá ajudar neste processo. Se nos reportarmos ao treinamento desportivo, para atingirmos o estado da arte nas fazendas, também é um processo pelo qual temos que passar.
Não existe um milagre instantâneo, existe sim um processo, com o começo doloroso como toda mudança é, porém com sólidos resultados no médio e longo prazo. E principalmente, resultados sustentáveis.
Desta forma, se negligenciamos estes processos, em algumas destas Fazendas e Fazendeiros da nova geração, passa a ser apenas um mosaico de uso de novos aplicativos para tudo e todos, cada qual sem conexão, um emaranhado de sensores sem conectividade, coletando tudo de tudo e de todos, armazenando em um gigantesco banco de dados, que por fim não conseguem extrair nem o resultado final do fluxo de caixa, não sabem quantas arrobas foram produzidas naquele hectare, quanto de milho foi colhido e qual o custo por saca, o valor da silagem, a quantidade que cada boi comeu no confinamento, qual a eficiência dos funcionários e muitos outros dados que se perdem em meio a um mixer da dita “inovação”.
Faz-se necessário um grande empenho em distinguir quais inovações serão úteis, quais aplicativos farão diferença no desempenho, o que e como deveremos coletar, e principalmente quem teremos em nossas linhas de frente e como manteremos uma educação continuada destes colaboradores e de suas equipes. Para tal, sempre se fará necessário um apoiador, um aliado, um orientador, alguém que possa compreender os desafios do momento e sugerir caminhos dentro da circunstância específica de cada fazenda.
Desta forma, estas Fazendas e Fazendeiros desta nova geração, se norteiam em propósito e em resultados, estes em uma leitura mais ampla que não só a econômica, consideram as questões sociais e ambientais como parte integrante do negócio nesta nova geração.
Será que você e sua fazenda já são desta nova geração?
Receba nossos relatórios diários e gratuitos