Zootecnista e analista de mercado da Scot Consultoria.
Foto: Scot Consultoria
As exportações de couro no primeiro semestre de 2020 somaram US$450,3 milhões, queda de 28,8% em relação ao mesmo período de 2019 (SECEX).
Os três principais destinos foram China, EUA e Itália (figura 1).
Figura 1. Principais destinos do couro brasileiro no primeiro semestre de 2020 (% Valor FOB).
Fonte: SECEX ‐ Elaborado pela Scot Consultoria
FOB: Free On Board – Sem frete e seguro
Comparando o primeiro semestre de 2020 com o mesmo período de 2019, a receita com a exportação de couro para a China caiu 19,7%, representando 26,5% da receita total das exportações de couro (US$137,11 milhões). A área em couro comprada pelo gigante asiático também caiu, em 12,7% (30,5 milhões de m² nos primeiros seis meses de 2020).
A venda para os EUA também caiu. Em faturamento, a queda foi de 22,9%. Em relação à área de couro comercializada o recuo foi de 16,6%. Os Estados Unidos representaram 18,0% da receita brasileira e com 9,3% da área comercializada no período.
Por fim, o mercado italiano, terceiro maior destino, apresentou as maiores quedas. A retração foi de 22,9% em área de couro (16,6 milhões de m² no primeiro semestre 2020) e retração ainda maior, de 38,4%, em relação ao faturamento, com receita de US$76,4 milhões nos seis primeiros meses de 2020, ante US$124,10 milhões ao mesmo período de 2019.
A exportação caiu, tanto em receita como em área, sobre o primeiro semestre de 2019. Somente a exportação para a China reagiu em junho, com pequena melhora em relação aos desempenhos anteriores.
Tabela 1. Comparação (valor e área) entre o primeiro semestre de 2019 e 2020.
Fonte: Secex/Comex ‐ Elaborado pela Scot Consultoria
FOB: Free On Board – Sem frete e seguro
Analisando a tabela 1, com relação ao couro salgado, nota-se aumento de faturamento de 14,8%, comparado com o mesmo período de 2019.
O aumento da exportação de couro salgado está ligada a uma demanda especialmente baixa no mercado doméstico.
O couro wet blue teve a maior redução na comparação, uma queda de 37,2% em receita e 24,3% em área exportada.
A retração é reflexo dos efeitos da pandemia na economia mundial sobre a demanda e também pela menor oferta de couros, devido à queda da quantidade de bovinos abatidos (CICB).
Tabela 2. Participação dos estados da federação com exportações relevantes em 2020 (% valor US$).
Fonte: Fonte: SECEX ‐ Elaborado pela Scot Consultoria
FOB: Free On Board – Sem frete e seguro.
Considerando os dez maiores estados exportadores, as quedas mais expressivas ocorreram no Ceará, São Paulo, Paraná, Minas Gerais, Santa Catarina, Pará e Goiás, respectivamente. O líder em exportações é o Rio Grande do Sul, cuja participação é de 27,8% do faturamento e 22,9% da área de couro exportada (CICB).
São Paulo ocupa o segundo lugar em faturamento (14,6%) e o quarto lugar em área exportada (12,2%). Goiás é o terceiro em participação em faturamento e em área, cuja participação na receita aumentou 0,1% (14,2%) e manutenção em área (14,3%). O Paraná ocupa a quarta posição em participação no faturamento (12,8%) e é o segundo em área (15,4%).
Cabe destacar que o desempenho dos principais estados exportadores caiu no comparativo 20/19, tanto em receita como em área, reflexo da pandemia de covid-19.
A China mostra uma lenta retomada frente aos demais destinos.
O segundo semestre não deve apresentar melhorias, dada a instabilidade da retomada econômica causada pela pandemia.
O cenário de retração do PIB mundial não favorece a exportação de couro em curto e médio prazo.
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