Foto: Bela Magrela
Artigo originalmente publicado no Broadcast Agro, da Agência Estado, em 16/8/21
A quebra da produção brasileira de milho na safra atual (2020/21) e a forte alta nos preços no mercado interno levaram ao aumento das importações do cereal em 2021.
Produção
Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), considerando a primeira, segunda e terceira safras, está prevista uma produção de 86,65 milhões de toneladas na temporada atual.
Esse volume é 15,5% menor que o colhido na safra passada (2019/20), o equivalente a 15,94 milhões de toneladas a menos este ano.
O Brasil está colhendo a segunda safra, que sofreu prejuízos em função do atraso na semeadura e do clima adverso no primeiro semestre, e teve perdas acentuadas em regiões assoladas com as geadas ocorridas em julho.
Preços
As revisões para baixo nas estimativas de produção, a demanda interna aquecida e o câmbio em patamares altos deram sustentação às cotações no mercado brasileiro ao longo de 2021.
Segundo levantamento da Scot Consultoria, a referência na região de Campinas-SP está em R$104,00 por saca de 60 quilos (10/8/21), uma alta de 33,3% no acumulado deste ano e de 84,1% na comparação com agosto do ano passado.
Veja a evolução dos preços do milho em Campinas-SP na figura 1.
Observe que as cotações chegaram a cair expressivamente em junho, com o início da colheita da segunda safra, mas os preços retomaram a firmeza em julho, com as geadas e as consequentes perdas nas lavouras.
Nos primeiros dias de agosto, com o clima pesando menos, os preços estiveram mais frouxos, mas ainda em patamares elevados.
Figura 1. Preços do milho na região de Campinas-SP, em R$ por saca de 60 quilos.
Fonte: Scot Consultoria
De acordo com dados da Secretária de Comércio Exterior (Secex), de janeiro a julho, o Brasil importou 1,08 milhão de toneladas de milho em grão.
O volume aumentou 112,6% na comparação com o mesmo período do ano passado.
Os gastos com essas importações somaram US$216,29 milhões, um incremento de 176,5% em relação a igual período de 2020.
Considerando as despesas, 71% do milho teve como origem o Paraguai e 28% a Argentina. O restante veio principalmente dos Estados Unidos.
Tomando como base as cotações do milho importado em julho, o preço médio foi de US$258,13 por tonelada ou R$1.329,83 por tonelada, considerando a cotação média do dólar de R$5,1518 no último mês.
Em saca de 60 quilos, o preço médio do milho importado foi de R$79,79, sem considerar o frete.
Como a maior importação é do Paraguai, se considerarmos o frete rodoviário para o Sul/Centro-Sul do país, de R$150,00 a R$200,00 por tonelada, o preço posto no Brasil ficaria entre R$88,79 e R$91,79 por saca.
Para uma comparação com as cotações vigentes no mercado brasileiro, no Paraná, o preço médio do milho está em R$100,10 por saca de 60 quilos, em Santa Catarina a referência está em R$103,13 por saca, e no Rio Grande do Sul o preço médio está em R$97,33 por saca.
Para a temporada atual (2020/21), a Conab estima que o Brasil importará 2,30 milhões de toneladas, frente às 1,45 milhões de toneladas importadas no ciclo anterior.
Com relação aos preços, para o curto e médio prazos (agosto), o cenário é de cautela, diante das perdas e revisões para baixo na produção de milho de segunda safra no Brasil. O dólar voltando a subir também colabora com o viés de preços firmes para as commodities no mercado brasileiro.
Porém, com o avanço da colheita e o aumento da disponibilidade interna, se o comprador ficar retraído e o clima for mais favorável, existe espaço para recuos pontuais nas cotações, como verificado nos primeiros dias de agosto.
Outros pontos importantes que podem pontualmente tirar a sustentação do mercado são as importações em volumes maiores que os estimados e o clima melhor nos Estados Unidos, depois da falta de chuvas e calor em importantes regiões produtoras, que fez os preços do milho e da soja recuarem nos últimos dias no mercado norte-americano.
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