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Scot Consultoria

Chuvas em dezembro e expectativas para os próximos meses


Segunda-feira, 10 de janeiro de 2022 - 11h00

Alcides Torres é engenheiro agrônomo, formado pela Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz" - ESALQ, da Universidade de São Paulo, é diretor-fundador da Scot Consultoria. É analista e consultor de mercado, com atuação nas áreas de pecuária de corte, leite, grãos e insumos agropecuários. É palestrante, facilitador e moderador de eventos conectados ao agronegócio. Membro de Conselho Consultivo de empresas do setor e coordenador das ações gerais da Scot Consultoria.

Jéssica Olivier é engenheira agrônoma, formada pela Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz" - ESALQ, da Universidade de São Paulo. É analista de mercado da Scot Consultoria. Pesquisadora de mercado nas áreas de boi, leite e grãos.

Sophia Honigmann é médica-veterinária, formada pela Universidade de São Paulo - USP, Campus Pirassununga.


Foto: Envato


Artigo originalmente publicado no Broadcast Agro, da Agência Estado, em 3/1/2022

No acumulado de dezembro, além da região Sul, os estados de Mato Grosso do Sul, São Paulo, Roraima, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e o norte dos estados do Pará, Maranhão, Piauí e Bahia, foram as regiões com menor volume de chuvas registrado, em torno de 100 milímetros.

Destaque para o oeste do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, onde o volume não ultrapassou os 25 milímetros.

A porção que engloba Mato Grosso do Sul, São Paulo, Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Sul e parte de Goiás e Minas Gerais apresentou déficit de 200 milímetros em relação à Normal Climatológica.

Já no Centro-Norte as chuvas foram abundantes e atingiram, em determinadas áreas, 600 milímetros. Em determinadas regiões nos estados do Amazonas, Pará, Amapá e Mato Grosso o volume de chuvas esteve muito acima da Normal Climatológica para o período, acima em 300 milímetros.

No restante do país, as chuvas variaram entre 25 e 200 milímetros acima da Normal Climatológica.

Figura 1. Anomalias (desvios) de chuvas no Brasil em dezembro de 2021 (até o dia 29), em milímetros.

Fonte: Inpe / Cptec 

Semeadura da safra de verão (2021/22) 

A preocupação dos produtores de grãos no Sul do país vem se intensificando. Devido ao fenômeno climático La Niña, as chuvas nessa região têm sido escassas e prejudicam o desenvolvimento das culturas.

As estimativas iniciais (outubro/21) do Departamento de Economia Rural do Paraná (Deral) para a soja apontavam para produção de 20,8 milhões de toneladas. Em dezembro/21, as estimativas são de 18,4 milhões de toneladas produzidas. Para o milho, as estimativas iniciais eram de 4,14 milhões de toneladas e, no último relatório, a produção fora revista para 3,68 milhões de toneladas.

As lavouras de soja e milho em boas condições no estado passaram de 95% em 16/11, para 57% e 63% em boas condições em 20/12, respectivamente.

No Rio Grande do Sul, segundo Emater/RS, a semeadura de soja pouco avançou na segunda quinzena de dezembro devido à estiagem, principalmente na metade norte do estado. Em regiões produtoras com maior déficit hídrico, a cultura em floração mostra sinais de perda de potencial produtivo.

Com relação ao milho, com o início da colheita foram constatadas perdas irreversíveis devido à seca, principalmente na parte norte do estado.

No oeste da Bahia, a soja pode apresentar problemas no seu desenvolvimento caso as chuvas sigam nos volumes observados nas últimas semanas.

Na região Central do país, as chuvas têm impactado positivamente no desenvolvimento das culturas da safra de verão. O cuidado deve ser mais à frente no momento da colheita, que pode ser prejudicada com os volumes maiores, fato também atrelado ao La Niña.

Previsão para o curto, médio e longo prazo

Para a primeira semana de janeiro não estão previstas chuvas no extremo Nordeste do país, oeste da região Sul e nos estados de Roraima e Acre. Menores volumes (<50mm) estão previstos para Mato Grosso do Sul, leste de Santa Catarina e Paraná e partes de São Paulo.

No restante do país, as chuvas serão mais abundantes, ficando na faixa entre 70 e 200 milímetros.

Na segunda semana, a faixa no extremo Nordeste sem chuvas aumenta, assim como diminui a possibilidade de chuvas na região Sul.

No restante do país deve continuar chovendo no período, com máximas chegando em 250 milímetros principalmente no Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais, São Paulo e Mato Grosso do Sul.

No trimestre de fevereiro, março e abril, não deverá chover no Amapá e norte de Roraima. No Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Bahia, Sergipe, Alagoas, Pernambuco e Paraíba as chuvas devem se limitar aos 400 milímetros.

No restante do país, as chuvas poderão chegar aos 1.200 milímetros, principalmente nos estados do Amazonas, Pará e Maranhão.

Os estados do Acre, Amapá, Bahia, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e partes do Tocantins e Goiás deverão ter chuvas abaixo do esperado (normal climatológica) para o período, com déficits chegando, em alguns locais, em até 300 milímetros.

Nos estados do Amazonas, Pará e Mato Grosso do Sul as chuvas estarão bem acima do esperado, em 300 milímetros.

Figura 2. Previsão de anomalias (desvios) de chuvas nos meses de fev/22, mar/22 e abr/22, em milímetros.

Fonte: Inmet


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