Engenheiro agrônomo, formado pela Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz" - ESALQ, da Universidade de São Paulo, é diretor-fundador da Scot Consultoria. É analista e consultor de mercado, com atuação nas áreas de pecuária de corte, leite, grãos e insumos agropecuários. É palestrante, facilitador e moderador de eventos conectados ao agronegócio. Membro de Conselho Consultivo de empresas do setor e coordenador das ações gerais da Scot Consultoria.
Foto: Tom Fisk no Pexels
Artigo originalmente publicado no Broadcast Agro, da Agência Estado em 25/4/2022.
Tem sido comum nas redes sociais ligadas à produção rural a publicação de manifestações de intolerância com relação aos chineses. A xenofobia e o preconceito chegam a ser extravagantes.
Extravagantes, pois a China é o principal parceiro comercial do agro brasileiro. Estima-se que os chineses respondam por 40% das exportações originadas no campo. Certamente, sem esse canal de escoamento da produção o quadro seria tenebroso.
Considerando que o agronegócio tem sido a exceção à regra imposta pela pandemia e pela instabilidade econômica, torcer para fechar qualquer mercado consumidor é um espanto.
A China é o maior parceiro comercial de aproximadamente 130 países, não só do Brasil.
A exportação de produtos agrícolas brasileiros para a China rendeu 45 bilhões de dólares. Cifra nada desprezível.
Em vez de tecer críticas ao principal consumidor dos produtos agrícolas nacionais, deveríamos fortalecer os canais de comercialização com a China para que concorrentes não substituam o Brasil nessa jornada. Aliás, durante a pandemia, o Brasil revelou-se um fornecedor confiável, honrando os compromissos assumidos.
O Brasil, apesar de contar com empreendedores capazes, tecnologia testada para a produção em clima tropical, terra agricultável, clima favorável e luminosidade adequada, não está só e deve ter o cuidado de perenizar os mercados conquistados e abrir novos destinos para seus produtos, para evitar a dependência de poucos compradores.
Há concorrentes ativos e gigantes adormecidos, como a Rússia, por exemplo, que pode ao longo do tempo disputar mercados carentes de alimentos, como a China ou a Índia.
As projeções indicam que o consumo de alimentos deverá crescer nas próximas décadas, em função do crescimento populacional, da urbanização, do crescimento da classe média e da diversificação do consumo de alimentos.
Estar preparado para competir e ganhar esses mercados é uma boa estratégia, não o contrário. Acompanhar o crescimento e o desenvolvimento desses mercados é uma boa tática comercial.
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