Engenheiro agrônomo, formado pela Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz" - ESALQ, da Universidade de São Paulo, é diretor-fundador da Scot Consultoria. É analista e consultor de mercado, com atuação nas áreas de pecuária de corte, leite, grãos e insumos agropecuários. É palestrante, facilitador e moderador de eventos conectados ao agronegócio. Membro de Conselho Consultivo de empresas do setor e coordenador das ações gerais da Scot Consultoria.
Foto: Shutterstock
Artigo originalmente publicado no Broadcast Agro, da Agência Estado, em 15/8/2022.
Essa é a pergunta recorrente. Como será o amanhã?
O futuro não existe, é uma quimera, mas como o mercado não se cansa de repetir essa pergunta, a responderemos segundo o que imaginamos que acontecerá com a pecuária nos próximos anos.
Nos 22 anos deste século, a pecuária brasileira evoluiu tremendamente, não é por acaso que o Brasil é protagonista global na exportação de carne bovina e a evolução e a inovação continuam. Certamente terminaremos esse século com uma pecuária totalmente diferente. Quem viver verá.
Aliás, a pecuária vem crescendo desde a década de 1970, quando o Brasil priorizou a produção de alimentos, investindo em pesquisa e desenvolvimento. Produção de alimentos nos trópicos é com o Brasil.
Carne e leite são alimentos nobres e fazem parte da dieta dos brasileiros. Um país de terceiro mundo com uma boa dieta. Mas e os desvalidos, os de baixa renda?
Bem, a expectativa é de que a renda das classes sociais menos favorecidas melhore, que a logística de distribuição dos alimentos evolua racionalmente, que o desperdício seja minimizado e que o acesso à comida flua sem percalços. Mais gente será agregada ao mercado consumidor.
Mas não é somente no Brasil, o consumo de carne bovina deverá crescer no mundo, principalmente na América Latina, Ásia e África, pelas mesmas razões e por que a expectativa é de que a população global deverá crescer de 8 bilhões para 8,5 bilhões de pessoas nos próximos oito anos. No Brasil, a expectativa é de que a população cresça de 215 milhões para 225 milhões até 2030.
Para fazer frente a essa demanda, a pecuária brasileira conta e contará com capins melhorados, mais nutritivos e mais produtivos. Com pastagens mais resistentes a condições hostis de produção, tais como solos encharcados, geada e seca.
Outra mudança será a cessão de terras, hoje ocupada com pastagens, para a produção de grãos, sem que a produção diminua. Um fenômeno econômico.
A integração lavoura pecuária deverá aumentar possibilitando a extração de três safras por ano e maior renda por hectare, fixando o homem no campo, fixando fazendeiros e trabalhadores no meio rural.
Os fazendeiros, cuja característica brasileira é a juventude, serão mais tecnificados e estarão alicerçados em gerenciamentos racionais, de recursos e de riscos.
A nutrição do solo, da planta e do bovino, será adotada normalmente e permitirá sistemas perenes de produção, cuja consequência será a possibilidade de melhoramento do rebanho bovino.
O melhoramento genético por sua vez permitirá a terminação de rebanhos mais cedo, precocemente. O intervalo entre partos será menor, a conversão alimentar será mais eficiente, a desmama será mais pesada e os bovinos serão mais dóceis.
Por fim, os protocolos sanitários serão regionais e em função da melhoria da saúde animal a mortalidade será menor.
Esse será o amanhã.
Receba nossos relatórios diários e gratuitos