Zootecnista, professor em cursos de pós-graduação nas Faculdades REHAGRO, na Faculdade de Gestão e Inovação (FGI) e nas Faculdades Associadas de Uberaba (FAZU); Consultor Associado da CONSUPEC - Consultoria e Planejamento Pecuário Ltda; Investidor nas atividades de pecuária de corte e de leite.
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Se você, pecuarista, é daqueles que trabalha com base em planejamentos de curto, médio e longo prazos já terá comprado, ou está cotando, sementes de forrageiras para a semeadura de suas pastagens na próxima estação chuvosa da safra 2022/2023.
A compra de sementes, ainda no primeiro semestre, possibilita melhores negociações, já que os preços normalmente são mais baixos, e não correrá o risco de não encontrar semente da forrageira que você pretendia semear.
A maioria dos pecuaristas lembra que vai estabelecer novas pastagens quando as chuvas chegam, ou seja, compram sementes no segundo semestre. É claro que aqui estou falando das regiões do Brasil cuja estação chuvosa tem início entre outubro e novembro e terminam entre março e abril.
Quais parâmetros eu adoto para avaliar cotações de sementes de forrageiras e orientar o pecuarista? Um lote de sementes tem basicamente três atributos: o genético, o físico e o fisiológico.
O atributo genético é dado pela pureza genética das sementes e evita um problema recorrente que é a mistura varietal. Quando um pecuarista compra sementes de uma espécie A, ele não quer ver plantas da espécie B misturadas em sua pastagem após o estabelecimento desta. O mesmo para diferentes cultivares de uma mesma espécie. A pureza genética só pode ser garantida pelas empresas que comercializam as sementes, daí a importância de comprar de empresas idôneas, aquelas que têm campos de sementes registrados, fiscalizados e certificados e seus processos auditados e certificados.
É possível visualmente diferenciar sementes de espécies forrageiras de diferentes gêneros, por exemplo, entre Andropogon, Brachiaria e Panicum, mas é quase impossível diferenciar visualmente sementes de forrageiras de mesmo gênero, mas de espécies diferentes (por exemplo, entre Brachiaria decumbens e Brachiaria ruziziensis) e mais ainda, entre sementes de diferentes cultivares de uma mesma espécie (entre as dos cultivares Marandu, Paiaguás, Piatã, Xaraés, todos da espécie Brachiaria brizantha).
O atributo físico é dado pela pureza das sementes. Pela legislação em vigor, a partir de fevereiro de 2009, a porcentagem mínima de pureza varia de 40% (gênero Panicum) a 60% (gênero Brachiaria), dependendo da espécie. Desde então as empresas produtoras de sementes têm feito muitos esforços para que a porcentagem mínima de pureza seja 70%, mas ainda sem sucesso.
Eu recomendo ao pecuarista comprar sementes padrão exportação com pureza acima de 90%, principalmente para sistemas mais intensivos e para a integração com lavoura. Assim o pecuarista evita a introdução em sua propriedade de sementes de plantas infestantes, ovos de pragas (de insetos e nematoides) e esporos de fungos que vem juntos em sementes com impurezas.
Por exemplo, em sementes com baixa porcentagem de pureza de capim-braquiarão, colhidas no Brasil Central e semeadas no Bioma Amazônico, foram encontrados esporos de fungos dos gêneros Fusarium, Phythium e Rhizoctonia, sendo encontrados em raízes deste capim em áreas onde a pastagem se degradou pela síndrome da morte do capim-braquiarão.
O atributo fisiológico é dado pela porcentagem de germinação das sementes. Quanto maior for este valor, maior é a viabilidade, o vigor, a porcentagem de germinação, a sobrevivência no campo e a longevidade das sementes.
Além destes atributos, eu recomendo que as sementes sejam tratadas com inseticidas e fungicidas e que já venham tratadas pela empresa vendedora para evitar a manipulação de produtos químicos na fazenda.
O tratamento com inseticida traz a segurança na fase de estabelecimento da pastagem, principalmente ainda na fase de plântula (estrutura que emerge da semente após a sua germinação).
O tratamento com fungicida traz segurança contra doenças provocadas por fungos, principalmente em ambientes quentes e úmidos, tais como nos Biomas Amazônico e Mata Atlântica, como também na região Sul, onde as temperaturas são mais amenas, mas a umidade é alta.
Muitos tratamentos têm sido incorporados às sementes nos últimos anos, tais como polimerização, escarificação, peletização e incrustração, mas este será o tema para a segunda parte deste artigo.
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