Alcides Torres é engenheiro agrônomo, formado pela Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz" - ESALQ, da Universidade de São Paulo, é diretor-fundador da Scot Consultoria. É analista e consultor de mercado, com atuação nas áreas de pecuária de corte, leite, grãos e insumos agropecuários. É palestrante, facilitador e moderador de eventos conectados ao agronegócio. Membro de Conselho Consultivo de empresas do setor e coordenador das ações gerais da Scot Consultoria.
Rodolfo Silber é engenheiro Agrônomo pela FAZU e mestre em Engenharia de Sistemas Agrícolas pela ESALQ/USP. É analista de mercado da Scot Consultoria.
Foto: Unsplash
Artigo originalmente publicado no Broadcast Agro, da Agência Estado, em 16/1/23.
O Brasil conquistou a posição de grande exportador mundial de alimentos e em 2022 tivemos um marco no mercado do milho, iniciamos a exportação do grão para China, além de continuarmos sendo um dos principais fornecedores de milho no mercado internacional.
Considerando a primeira, segunda e terceira safras, está prevista uma produção de 125,06 milhões de toneladas na temporada atual (Conab), volume 10,5% maior que o colhido na safra passada (2021/22).
Os relatórios de monitoramento revelam uma perda de produtividade nas lavouras de primeira safra, por causa do clima, sobretudo na região Sul do país. As regiões produtoras de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul estão entre as mais afetadas.
Apesar da redução, a expectativa é que a primeira safra seja 5,7% maior que a safra passada, chegando em 26,46 milhões de toneladas produzidas.
Para o milho de segunda safra, a expectativa é positiva e a projeção é de colheita recorde, com o volume estimado em 96,27 milhões de toneladas, 12,1% maior que na safra passada. Esse aumento se deve à expansão da área semeada e do aumento da produtividade.
Em 2022, o preço do milho começou o ano em alta, com o estoque de passagem menor e expectativa de redução na produtividade da safra de verão. No segundo trimestre, o bom volume da segunda safra pressionou os preços, que não caíram mais em função da baixa oferta mundial em consequência do conflito entre Rússia e Ucrânia.
Segundo levantamento da Scot Consultoria, em 2022, o maior preço foi de R$107,50/sc e o menor foi de R$81,50/sc, tendo como referência a região de Campinas-SP (figura 1).
O cenário internacional favoreceu a exportação, em meio a uma oferta restrita, possibilitando a abertura de mercados, como a China.
Figura 1.
Preços do milho na região de Campinas-SP, em R$ por saca de 60 quilos.
Fonte: Scot Consultoria
Em 2022, o Brasil exportou 43,4 milhões de toneladas de milho em grão (Secex), recorde para o histórico analisado.
O volume aumentou 44,8% na comparação com a média dos últimos cinco anos.
O faturamento foi de US$12,3 bilhões, aumento de 136,2% em relação à média dos últimos cinco anos.
Acompanhe a evolução do volume e faturamento com a exportação, entre 2015 e 2022, na figura 2.
Os principais destinos foram: Irã (15,2%), Espanha (11,4%) e Japão (11,3%). A China que começou a importar em novembro, absorveu no ano 1,17 milhão de toneladas e representou 2,7% da exportação.
Figura 2.
Volume de milho exportado em milhões de toneladas e faturamento em bilhões de dólares, de 2015 a 2022.
Fonte: Secex / Elaborado por Scot Consultoria
Para a temporada atual (2022/23), a estimativa é de que o Brasil exporte 45,0 milhões de toneladas, frente às 43,5 milhões de toneladas exportadas no ciclo anterior.
A expectativa da produção frente a demanda interna e externa favorece o aumento dos estoques, mas ainda abaixo do que já fora observado em anos anteriores.
Mesmo com a expectativa da oferta maior, a exportação deve manter os preços sustentados, principalmente tendo a China importando. O senão fica por conta do clima, que pode frustrar as previsões e alterar o cenário apresentado.
Bibliografia consultada
Associação Nacional dos Exportadores de Cereais, Anec
Companhia Nacional de Abastecimento, Conab
Secretaria de Comércio Exterior, SECEX
Scot Consultoria – banco de dados
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