Zootecnista, formada pela Faculdade de Ciências Agrária e Veterinárias - Unesp, campus de Jaboticabal, mestre em Produção Animal Sustentável pelo Instituto de Zootecnia e analista de mercado da Scot Consultoria.
Foto: Scot Consultoria
O Brasil é o terceiro produtor de milho do mundo, atrás de Estados Unidos e China. Na safra 2021/22, a produção total (1ª, 2ª e 3ª safras) foi recorde, totalizando 113,1 milhões de toneladas.
A área cultivada, em 2021/22, foi de 21,6 milhões de hectares, com produtividade de 5,22 toneladas por hectare, comprometida pelo clima, principalmente no Rio Grande do Sul e no Paraná, durante a primeira safra.
Apesar da queda de produtividade na primeira safra, o bom desempenho na safra de inverno, ou “safrinha”, aumentou em 30%, ou 25,7 milhões de toneladas em relação à safra 2020/21.
A região Centro-Oeste é a maior região produtora do grão no país, responsável por 56,7% da produção. Mato Grosso (36,9%), Paraná (14,5%) e Mato Grosso do Sul (10,7%) são os maiores produtores.
A safra 2022/23, em fase de colheita da safra de verão e semeadura da segunda safra, até 4 de março, tinha 22,6% da área colhida, atraso de 3,5 pontos percentuais em relação à safra anterior.
Pela terceira safra seguida, o produtor sofreu com o fenômeno La Niña. O Rio Grande do Sul foi o estado mais afetado, cuja queda, na produtividade da primeira safra, está estimada em 50% em algumas regiões em razão da estiagem.
De olho no clima, a colheita da soja está atrasada em relação à safra passada, em Mato Grosso, atingira 90,3%, até 04/3, atraso de 0,7 ponto percentual em relação à 2021/22. O clima, em função de excesso de chuva, tem prejudicado a colheita da soja e, com isso, a semeadura da segunda safra de milho está atrasada.
No Brasil, até 04/3, haviam sido semeadas 63,6% da área, contra 74,8% há um ano. Tal quadro poderá diminuir a janela de semeadura e aumentar o risco climático para o restante da temporada.
As previsões meteorológicas indicam que o fenômeno La Niña está prestes a acabar e iniciará um período de neutralidade climática, podendo ocorrer episódios mais frequentes de chuva. A estiagem ainda deve perdurar e, em meados de maio-junho-julho, há probabilidade do retorno das chuvas com o El Niño, trazendo alívio para a agricultura no Sul do continente (figura 1).
Figura 1.
Probabilidade de ocorrência (%) de La Niña, El Niño ou neutralidade, por trimestre.
Fonte: IRI
Em 2022, a exportação de milho foi recorde, impulsionado principalmente pelos últimos meses do ano, com as compras chinesas. No ano, a exportação foi de 43,2 milhões de toneladas, representando 38,2% da produção total (figura 2), com receita cambial de US$12,2 bilhões.
Figura 2.
Volume de milho produzido e exportado, em milhões de toneladas, em 2022.
Fonte: Conab e Secex / Elaborado por Scot Consultoria
Os principais importadores foram Irã (15,2%), Japão (11,4%) e Espanha (11,2%). Em novembro, a China, com a finalidade de diminuir a dependência dos Estados Unidos e Ucrânia, começou a importar do Brasil e representou 2,7% do embarque.
Alguns fatores, como a quebra de produção nos Estados Unidos (quase 30 milhões de toneladas) e União Europeia em função do clima, a intensificação da guerra entre Rússia e Ucrânia (quarto exportador mundial) e expectativa de quebra na produção da Argentina na atual temporada, podem favorecer o aumento da exportação brasileira em 2023.
Em fevereiro, foram embarcadas 7,9 milhões de toneladas de milho, tendo a China como maior compradora. Destacamos que o volume entre janeiro/fevereiro supera todo o primeiro semestre de 2022.
Figura 3.
Exportação de milho, em milhões de toneladas, no primeiro semestre de 2022 e entre janeiro e fevereiro de 2023.
*primeiro semestre, **janeiro/fevereiro.
Fonte: Secex / Elaborado por Scot Consultoria
A produção brasileira (1ª, 2ª e 3ª safras), em 2022/23, está estimada (fev/23) em 123,7 milhões de toneladas, incremento de 9,4% em relação à safra 2021/22, com expectativa de aumento na área e recuperação da produtividade em relação à safra anterior.
A expectativa de preços firmes, na safra 2022/23, com estoques finais no país em baixa e uma demanda externa e interna firme em meio ao quadro global apertado também colabora.
Com relação aos preços, desde setembro/22, o preço médio do milho tem oscilado entre R$87,00 e R$88,00/saca. No mercado futuro (B3), os contratos, até jan/24, indicam preços de estáveis a firmes para o cereal (figura 4).
Figura 4.
Preços do milho no mercado físico e no mercado futuro em Campinas-SP, em R$ por saca de 60 quilos, sem o frete, em valores nominais.
Fonte: B3 (7/3/23), Scot Consultoria / Elaborado por Scot Consultoria
Referências
Banco de dados da Scot Consultoria
Companhia Nacional de Abastecimento, Conab
Secretaria de Comércio Exterior, SECEX
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