Zootecnista, mestre em Aquicultura pelo Centro de Aquicultura da Unesp de Jaboticabal e analista de mercado da Scot Consultoria.
Foto: Bela Magrela
Em janeiro, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) divulgou o primeiro levantamento da safra 2023 de café. A estimativa de produção é de 54,9 milhões de sacas, entre café arábica e conilon.
Após os efeitos climáticos que impactaram as lavouras em 2021 e que repercutiram na produção de 2022, que deveria ser um ano de bienalidade positiva, considerando o ciclo anterior, 2023 seria um ano de bienalidade negativa.
Entretanto, as lavouras, afetadas pelas geadas em 2021, estão finalizando o segundo ano produtivo em 2023, sendo então responsáveis pela expectativa de aumento na produção e bienalidade positiva.
Do estimado, 37,4 milhões de sacas são de café arábica, volume 14,4% maior que o colhido em 2022. Esse aumento se deu em função da retomada da produção em Minas Gerais, maior produtor.
A estimativa é de menor produção de café conilon (robusta), queda de 3,8% em relação a 2022, com 17,5 milhões de sacas. Em 2022, a produção foi recorde, mas as adversidades climáticas, que acometeram o Espírito Santo, afetaram as lavouras em fase inicial de ciclo.
A cotação da saca do arábica caiu 2,3%, comparada a fevereiro. Na comparação feita ano a ano, a queda foi de 9%. Para o café conilon, a queda é de 7,2% e 17,3%, nos mesmos períodos.
Na Colômbia, de acordo com a Federação Nacional dos Cafeicultores (FNC), a produção de café arábica alcançou 1,02 milhão de sacas de 60kg em fevereiro, volume 10% maior que no mesmo período em 2022.
Aos poucos, os cafezais brasileiros estão se recuperando das geadas que causaram perdas significativas nas safras anteriores.
Veja, na figura 1, a evolução dos preços do café no mercado físico, de abril de 2022 a abril de 2023.
Figura 1.
Preço do café de 12/4/22 a 12/4/23, em R$ por saca de 60 kg em São Paulo (arábica) e Espírito Santo (conilon).
Fonte: Cepea/Scot Consultoria
De acordo com o relatório estatístico mensal do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), os embarques somaram 2,4 milhões de sacas de 60 kg em fevereiro, com receita de US$505,9 milhões.
O desempenho dos embarques caiu 33,3% em volume e 38,5% em faturamento, comparado a fevereiro do ano passado. O preço médio da saca exportada, cotada em US$211,13, caiu 7,9% no mesmo intervalo.
Nos oito primeiros meses do ano safra 2022/23, o Brasil exportou 24,6 milhões de sacas de café, volume 7,7% menor que o embarcado de julho de 2021 a fevereiro de 2022. Em receita, o resultado foi 13% maior, na mesma comparação.
No fechamento de março último, foram embarcados 3,0 milhões de sacas de café.
Veja, na tabela 1, o comportamento da exportação de café em janeiro e fevereiro de 2023.
Tabela 1.
Volume de café exportado entre 01/1 e 31/3, em sacas de 60 kg e milhões de US$.
Fonte: Cecafé / Elaborado por Scot Consultoria
A possibilidade de uma safra recorde no Brasil e perspectiva de consumo global praticamente estável em 2023, indica pressão baixista no preço para o ciclo que se inicia em abril/maio.
A colheita da safra 2023/24 de café conilon começou no Espírito Santo. Ainda é cedo para definir a temporada, mas a expectativa não é boa, devido ao clima adverso no início do ciclo.
Referências
Broadcast Agro
Banco de dados da Scot Consultoria
Companhia Nacional de Abastecimento, Conab
Conselho dos Exportadores de Café do Brasil, Cecafé
Conselho Nacional do Café
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