Alcides Torres é engenheiro agrônomo, formado pela Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz" - ESALQ, da Universidade de São Paulo, é diretor-fundador da Scot Consultoria. É analista e consultor de mercado, com atuação nas áreas de pecuária de corte, leite, grãos e insumos agropecuários. É palestrante, facilitador e moderador de eventos conectados ao agronegócio. Membro de Conselho Consultivo de empresas do setor e coordenador das ações gerais da Scot Consultoria.
Jéssica Olivier é engenheira agrônoma, formada pela Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz" - ESALQ, da Universidade de São Paulo. É analista de mercado da Scot Consultoria. Pesquisadora de mercado nas áreas de boi, leite e grãos.
Artigo originalmente publicado no Broadcast Agro, da Agência Estado, em 5/6/23.
A pecuária de corte brasileira evoluiu e cresceu. Cresceu em tamanho e em qualidade. A área com pastagens diminuiu em 4 milhões de hectares, estimada em 160 milhões de hectares e o rebanho, de 1975 a 2022 cresceu 92 milhões de cabeças. O rebanho bovino está estimado em 225 milhões de cabeças (corte e leite).
O Brasil, mundialmente, é importante na produção e fornecimento de carne bovina. Da produção mundial, 17% é do Brasil. No comércio internacional, a fatia brasileira é de 20 a 25%.
Atualmente, a produção está estimada em 8 milhões de toneladas de carcaça por ano. Dobrou de tamanho nos últimos 22 anos.
A profissionalização da atividade pecuária veio com o tempo e, com ela os avanços em produtividade. Manejos nutricional, sanitário e reprodutivo foram essenciais para que isso acontecesse. Apesar desse belo desempenho, há ainda como aumentar a produtividade, sem precisar de novas áreas, apenas melhorando, por exemplo, a qualidade e o manejo das pastagens, um processo que vem ocorrendo nos últimos anos.
A demanda pela carne bovina brasileira aumentou. Da produção nacional em 2022, cerca de 38% foi exportada (carne in natura, industrializada, salgada, miúdos e tripas). Considerando somente a de carne in natura, a participação é de 34%.
Figura 1.
Evolução da participação da exportação de carne bovina in natura na produção.
Fonte: IBGE e Secex / Elaborado por Scot Consultoria
A China é a principal importadora, cuja participação nas vendas para o exterior cresceu de 1,7% em 2015 para 21,1% em 2022. O equivalente a 1,68 milhões de toneladas em equivalente carcaça consumidas.
Figura 2.
Produção de carne bovina e volume de carne exportada para a China, ano a ano, em milhões de toneladas em equivalente carcaça.
Fonte: IBGE e Secex / Elaborado por Scot Consultoria
A importância da China é notável.
O bovino abatido para a produção de carne para o mercado chinês precisa ter no máximo 30 meses ou 4 pares de dentes, animais jovens, portanto, terminados precocemente.
Essa exigência estimulou a produção de bovinos precoces e consequentemente a melhoria dos indicadores zootécnicos.
O peso de carcaça foi um deles, cujo desempenho aumentou nos últimos anos, atingindo a média de 268 kg em 2022, frente aos 228 kg em 2000.
Por fim, a taxa de lotação cresceu de 1,0 cabeça/hectare, em 2000, para 1,4 em 2022, um belo salto. A taxa média de lotação no mundo está em 0,27 cabeças/ha.
É de se esperar que, em alguns anos, o Brasil seja o maior produtor de carne bovina no mundo, superando os Estados Unidos, atualmente o maior produtor global.
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