Zootecnista, professor em cursos de pós-graduação nas Faculdades REHAGRO, na Faculdade de Gestão e Inovação (FGI) e nas Faculdades Associadas de Uberaba (FAZU); Consultor Associado da CONSUPEC - Consultoria e Planejamento Pecuário Ltda; Investidor nas atividades de pecuária de corte e de leite.
O objetivo deste texto é continuar estabelecendo os fundamentos para a definição quanto ao primeiro uso da área recém-estabelecida, ou por meio do pastejo ou por meio da colheita mecânica da forragem.
Ao final do artigo da edição anterior, me comprometi a responder a seguinte pergunta de um produtor ou de um técnico: “Eu sempre ouvi e sempre deixei o pasto florescer e produzir sementes no primeiro ano após o seu plantio. Não é preciso? Estou errando?”
Eu respondo que esperar o pasto florescer e produzir sementes é perda de tempo, de produção e, consequentemente, de dinheiro, mas então um interlocutor comenta: “Se o pasto não florescer, os animais irão arrancar as plantas jovens com parte aérea e raiz, diminuindo o estande de plantas”; outro interlocutor pondera: “Mas se o pasto não florescer antes dos animais o pastejarem não haverá queda de sementes que, após a sua germinação, são importantes para estabelecerem um estande de plantas mais uniforme, cobrindo todo o solo.”
Explico melhor: quando ocorre atraso do primeiro pastejo, as plantas alcançam alturas acima dos alvos de manejo, passam do estádio de crescimento vegetativo para o reprodutivo – quando alongam suas hastes, ficam mais altas e mais pesadas.
É comum ocorrer perda de forragem por tombamento das plantas mesmo antes da entrada dos animais no piquete, provocadas por ventos e chuvas fortes. Se este tipo de perda não ocorrer antes do primeiro pastejo, com certeza ocorrerá pelo pisoteio dos animais após a sua entrada nos piquetes.
Para evitar estas perdas, o ideal seria colher a forragem mecanicamente pelos processos de ensilagem, ou de pré-secagem, ou de fenação. Entretanto, é preciso que esta colheita mecânica esteja dentro do planejamento como um plano B, que seu custo esteja orçado e que a forragem conservada tenha uma finalidade definida previamente. Não dá para ser uma decisão de última hora.
Prejuízos causados pelo tombamento
A forragem perdida pelo tombamento das plantas pode trazer várias consequências negativas, tais como:
• atraso na rebrota subsequente e não acúmulo de forragem suficiente para suportar animais na seca seguinte, principalmente se esta perda ocorrer já no final das chuvas;
• mortes de plantas onde houve seu tombamento e os animais pisoteiam o solo úmido, com formação de lama;
• morte de plantas no início da estação chuvosa seguinte, por causa da grande perda de água por transpiração através de grande área foliar durante a seca e pela imobilização de nutrientes pelas bactérias decompositoras (os nutrientes nitrogênio, fósforo e enxofre) ao decomporem uma grande quantidade de palha;
• aumento de ataque de cigarrinhas, que atacam pastagens, cujos ovos e ninfas ficam mais protegidos pela palhada;
• distúrbios metabólicos nos animais, devido à presença de fungos na palhada em decomposição.
Quando o produtor segue a sequência de procedimentos recomendada para o estabelecimento de uma pastagem, o potencial de produtividade da área, no primeiro ano de uso, pode alcançar 25 a 39 arrobas por hectare, produtividade que a preços atuais da arroba torna possível amortizar o investimento já no primeiro ano.
Ou seja, enquanto o produtor tradicional está esperando o pasto crescer livremente, florescer, produzir e lançar sementes ao solo, o novo período chuvoso para que as sementes caídas germinem, as plântulas emergirem, crescerem e se tornarem plantas adultas, o produtor tecnificado já produziu entre 25 e 39 arrobas por hectare e já pagou o investimento.
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