Foto: Bela Magrela
Estamos vivendo os efeitos ciclo pecuário de preços, que de ponta a ponta, dura de 6 a 7 anos em média, levando em consideração os últimos três ciclos. Agora estamos em pleno ciclo de baixa. Quando isso acontece, a produção aumenta.
E é isso o que está acontecendo, a produção aumentou. A oferta de matrizes, de fêmeas destinadas ao abate, cresceu. O contrário aconteceu entre 2020 e 2021, quando assistimos a uma forte retenção de fêmeas para a produção de bezerros, cujo estímulo veio dos bons preços dos bovinos para a reposição do rebanho, nesse período a produção caiu.
Nos últimos 13 meses, porém, tudo mudou, esse aumento de oferta notável provocou uma retração de 21,2% na cotação da arroba do boi gordo. A cotação média em julho, até dia 19, nas praças pecuárias paulistas, por exemplo, estava em R$243,50/@. Essa queda é resultado do ciclo de preços.
Os preços estão pressionados e sem espaço para grandes aumentos (figura 1).
Essa tendência de preços deverá perdurar, respeitando-se as sazonalidades anuais.
Figura 1.
Comportamento do preço do boi gordo em Barretos-SP, em R$/@, a prazo, livre de impostos, nos últimos 13 meses.
*até dia 19
Fonte: Scot Consultoria
Em função do descarte rotineiro de final de estação de monta, normalmente, a participação de fêmeas no abate de bovinos é maior no primeiro semestre. Em média, nos últimos 14 anos, no primeiro semestre, a quantidade de fêmeas abatidas foi cerca de 720 mil cabeças maior que no segundo semestre (figura 2).
Figura 2.
Média da quantidade de fêmeas (vacas e novilhas) abatidas, em mil cabeças, mês a mês, considerando o período de 2010 a 2023*.
* 2023: até o primeiro trimestre.
Fonte: IBGE / Elaborado por Scot Consultoria
O ano de 2017 se assemelha ao de 2023, considerando padrões históricos de preços diante da oferta e da demanda. Em 2017, foi o primeiro ano da fase de baixa do ciclo pecuário de preços anterior. A participação das fêmeas nos abates de bovinos estava em 41% e os preços caíram 24,7% entre janeiro e julho. A retenção de fêmeas aconteceu ao longo de 2015 e 2016.
O consumo do mercado doméstico e o do internacional pesam no escoamento de carne bovina.
A cotação do boi caiu e a cotação da carne bovina também, mas em menor intensidade. A cotação média dos cortes da carne bovina, considerando o mercado varejista em São Paulo, era de R$51,95/kg em julho de 2022. Em julho deste ano, a cotação média estava em R$47,59/kg. Queda de 8,4% em um ano. A queda da cotação do boi gordo, nesse mesmo intervalo de tempo superou os 20%.
Esse quadro sugere que a queda de preços vivida pelo pecuarista e no mercado atacadista não foi integralmente repassada para o consumidor, não estimulando o consumo de carne, que amenizaria esse ambiente de preços frouxos.
Quanto à exportação, os volumes de carne bovina in natura embarcados estão 4,9% menores no primeiro semestre de 2023, frente ao mesmo período em 2022. Além dessa retração em volume, a cotação também caiu, cujo preço da tonelada está, em média, 18,5% menor.
Este cenário contribuiu para a queda de preços vigentes.
A expectativa, no entanto, é de que os preços mudem de direção no segundo semestre, quando normalmente melhora o consumo interno entre novembro e dezembro e a exportação apresenta melhor desempenho entre julho e setembro.
É esperar para ver.
Receba nossos relatórios diários e gratuitos