Engenheiro agrônomo, formado pela Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz" - ESALQ, da Universidade de São Paulo, é diretor-fundador da Scot Consultoria. É analista e consultor de mercado, com atuação nas áreas de pecuária de corte, leite, grãos e insumos agropecuários. É palestrante, facilitador e moderador de eventos conectados ao agronegócio. Membro de Conselho Consultivo de empresas do setor e coordenador das ações gerais da Scot Consultoria.
Originalmente publicado no Broadcast Agro, da Agência Estado.
Após a disparada, os preços das terras no Brasil caíram ou subiram em 2023?
Neste ano, os preços das terras para a agricultura e para a pecuária no Brasil não apresentaram mudanças significativas, mantendo-se relativamente estáveis. No entanto, a tendência predominante é de alta.
O mercado de terras tem como principal característica a baixa liquidez, o que significa que as transações acontecem com uma frequência muito menor em relação às transações como milho, soja, trigo ou bovinos, por exemplo.
Os preços das terras estão diretamente relacionados às cotações dessas commodities. São indexados, por exemplo, em sacas de soja, especialmente nas regiões produtoras de grãos. Nessas regiões, tecnologias de ponta são amplamente adotadas, o que também é um fator de valorização.
Mesmo com a queda dos preços dos grãos, como a que estamos vivendo, é notável que os proprietários de terras não reduziram os preços estabelecidos ao longo dos anos, um paradoxo, apesar da forte conexão entre as commodities agrícolas e o mercado de terras.
Esse movimento pode ser explicado por uma combinação de fatores, tais como:
Para a safra 2023/24, a percepção é de que custos de produção mais controlados estejam impulsionando o interesse por terras agrícolas. Isso ocorre porque custos menores tornam a exploração agrícola interessante, incentivando os agricultores a expandirem as áreas cultivadas e a busca por terras para arrendamento.
Entretanto, é importante mencionar que o preço por hectare pedido pelos vendedores afugenta interessados. Essa tendência de preços elevados limita o acesso de potenciais compradores, especialmente considerando a taxa de juros elevada no país.
O interesse por terras agrícolas está moldado por essas complexas interações entre custos de produção, preços das terras, taxas de juros e a busca por oportunidade de investimento. É um equilíbrio delicado que os investidores e agricultores estão enfrentando ao considerar as decisões de investimento em terras neste ano.
Enquanto vendedores e compradores ficam se estudando, aumenta a procura de terras para arrendamento, especialmente em regiões com aptidão agrícola e infraestrutura sólida. Isso sugere a confiança dos investidores na rentabilidade do setor agrícola e reafirmam oportunidades de negócios nesse mercado. Portanto, é possível crer que o contexto está propício para quem deseja investir em terras, seja para agricultura, pecuária ou outros fins relacionados ao setor agropecuário.
Em 2024 o quadro não deverá ser diferente do deste ano, porém, pensando em 2025, com a queda dos juros (se acontecer), pode-se ter a expectativa de um crédito mais em conta, estimulando a busca por terras agrícolas. A valorização do preço da terra tem sido consistente e crescente ao longo dos anos. E esse comportamento é atraente.
Por fim, 2023 foi um ano de boas chuvas, o que levou ao incremento na produção das lavouras. Os recordes de produção estão aí, o que em certa medida, compensou a queda dos preços dos produtos agrícolas.
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