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Scot Consultoria

Manejando o pastoreio - Parte 1


Quinta-feira, 19 de outubro de 2023 - 06h00

Zootecnista, professor em cursos de pós-graduação nas Faculdades REHAGRO, na Faculdade de Gestão e Inovação (FGI) e nas Faculdades Associadas de Uberaba (FAZU); Consultor Associado da CONSUPEC - Consultoria e Planejamento Pecuário Ltda; Investidor nas atividades de pecuária de corte e de leite.



A pastagem está de fato estabelecida e a forragem disponível poderá ser colhida pelos animais por meio do processo de pastejo e as benfeitorias e edificações construídas. O manejo do pastoreio é o procedimento que possibilita ao manejador da pastagem monitorar e conduzir o processo de colheita.

É provável que o interesse humano em compreender as interações animal herbívoro/planta forrageira teve início há 10.000 anos com a domesticação de caprinos e ovinos, 8.000 anos com a dos bovinos e 4.000 anos com a dos bufalinos. Neste período as observações foram empíricas, e o aprendizado foi por meio do processo de erros e acertos.

Até onde se sabe, tem quase cinco séculos de investigações com alguma base científica, como por exemplo, os estudos do primeiro método de pastoreio de lotação rotacionada (no mínimo 3 piquetes sendo pastejados por 1 lote de animais), conduzido dentro de princípios de morfofisiologia do crescimento de plantas forrageiras desenvolvido na Alemanha em 1770 e depois introduzido na Inglaterra. Entretanto, os fundamentos do conhecimento que ainda hoje são adotados no manejo do pastejo têm um histórico de 100 anos.

Pesquisadores concluíram que o processo de pastejo, por meio da desfolha, causa estresse na planta forrageira. Na interface animal herbívoro/planta forrageira, a planta parece sempre estar em desvantagem.

Daí o interesse dos pesquisadores em compreender as interações entre estes dois componentes da pastagem para estabelecer as bases de manejo do pastoreio, garantindo alto desempenho por animal, alta produtividade por hectare, a perenidade da pastagem e a preservação dos recursos naturais.

Ao longo do último século várias escolas contribuíram com informações e conhecimento sobre o manejo do pastoreio para os fundamentos ainda usados.

Inicialmente a escola americana estabeleceu a importância de reservas orgânicas (carboidratos - amido etc., e reservas nitrogenadas) na rebrota da forrageira (década de 20 do século passado).

Em sequência, a escola inglesa demonstrou a importância do Índice de Área Foliar (IAF) no processo de rebrota, estabelecendo os parâmetros área foliar remanescente e índice de área foliar crítico (década de 50).

Novamente a escola americana demonstrou a importância da interação de altas concentrações de reservas orgânicas e alto índice de área foliar remanescente e preservação de meristemas apicais (década de 60).

Neste período os objetivos dos estudos concentraram-se nos mecanismos de rebrota da forrageira (reservas orgânicas, IAF remanescente, preservação de meristemas apicais) buscando definir as condições de manejo que permitissem explorar rebrotas vigorosas após o pastejo (ou desfolha) e elevada produção de forragem entre os intervalos de pastejo, mas sem se preocupar com a eficiência do processo de pastejo em suas diferentes etapas.

Já a partir da década de 80 os objetivos dos estudos sobre manejo do pastoreio concentraram-se na busca da eficiência do processo buscando elevado aproveitamento da forragem produzida aumentando a eficiência de colheita; colher forragem de alta qualidade e transformar a forragem colhida em produto animal (bezerros, carne, leite etc.).

Aí houve grande influência da escola francesa com base nos conceitos de morfogênese (densidade de perfilhos, número de folhas vivas por perfilho etc.) filocrono (intervalo de tempo para o aparecimento de duas folhas consecutivas); no estabelecimento de relação folha/caule ideal (década de 90).

Entretanto, nas últimas duas décadas o conhecimento acumulado e divulgado amplamente em pesquisas, artigos, eventos, entre outros, e validados em fazendas comerciais, foram construídos com base em protocolos e metodologias de pesquisas desenvolvidos e validados pela escola neozelandesa, a qual em sua essência tem origem na escola inglesa.

Na próxima edição escreverei sobre as bases do manejo do pastoreio quando o método de pastoreio é o de lotação continua (1 piquete pastejado por 1 lote de animais) - Aguarde.


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