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Scot Consultoria

Exportação de bovinos em pé


Terça-feira, 24 de outubro de 2023 - 10h00

Alcides Torres é engenheiro agrônomo, formado pela Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz" - ESALQ, da Universidade de São Paulo, é diretor-fundador da Scot Consultoria. É analista e consultor de mercado, com atuação nas áreas de pecuária de corte, leite, grãos e insumos agropecuários. É palestrante, facilitador e moderador de eventos conectados ao agronegócio. Membro de Conselho Consultivo de empresas do setor e coordenador das ações gerais da Scot Consultoria.

Ana Paula Oliveira é Médica-veterinária, zootecnista, mestre em Produção Animal pela FMVZ Unesp e analista de mercado da Scot Consultoria.



Artigo originalmente publicado no Broadcast Agro, da Agência Estado.

A exportação de gado vivo é um nicho de mercado que compõem as receitas do Brasil, eleva o reconhecimento do setor agropecuário e proporciona retornos diretos aos pecuaristas.

Em 2022, os países da União Europeia, México, Canadá, Austrália, Estados Unidos e Brasil desempenharam um papel significativo nas exportações de bovinos, representando coletivamente 91,88% do mercado global.

A participação brasileira no mercado mundial de bovinos vivos foi de 3,78%. Quando consideramos apenas os países mencionados (países da União Europeia, México, Canadá, Austrália, Estados Unidos e Brasil), a contribuição do Brasil correspondeu a 4,11% do mercado.

Figura 1.
Principais exportadores de bovinos em pé em 2022, em mil cabeças.

*Outros: Argentina, Egito, Índia, Japão, Coreia do Sul, Reino Unido, China, Rússia, Ucrânia, Uruguai e Nova Zelândia.
Fonte: USDA / Elaborado por Scot Consultoria

Em 2019, a exportação brasileira de bovinos em pé começou a diminuir, e o preço médio também, passando de US$2,27/kg em julho de 2018 para US$1,99/kg em julho de 2019 (Secex).

Com a pandemia a exportação de bovinos vivos caiu ao seu menor patamar em 2021, quando foram exportadas 57.779 cabeças, com faturamento de US$63,95 milhões, um dos poucos segmentos do agro nacional prejudicado pela pandemia.

Além do fator pandemia, e seus entraves logísticos, aumentou o custo do frete marítimo, que é a principal via brasileira de escoamento dos bovinos vivos. Esse aumento fez com que os importadores optassem pelas regiões próximas, evitando as regiões distantes. A elevação nos preços dos insumos de produção, como milho e soja, teve impacto direto no custo, resultando em aumento nos preços da arroba do boi. Esse aumento contribuiu para a queda nas exportações, uma vez que tornou os produtos brasileiros menos competitivos no mercado internacional durante este período.

Entretanto, a recuperação da exportação de bovinos em pé é notável. Em 2022, foram exportadas 194 mil cabeças, com faturamento de US$191.746 milhões. Já em 2023, até início de outubro, foram exportadas 385.168 cabeças, com faturamento de US$350.729 milhões, crescimento de 55,0% no faturamento. Vale ressaltar, que ainda se tem um trimestre pela frente para incrementar esses números.

Figura 2.
Comportamento da exportação de bovinos em pé, em milhares de cabeças, por ano.

*até setembro de 2023
Fonte: Secex / Elaborado por Scot Consultoria

Figura 3.
Faturamento em dólares com a exportação de bovinos em pé, por ano.

*até setembro de 2023
Fonte: Secex / Elaborado por Scot Consultoria

Principais estados exportadores

Ao longo dos anos, o Pará tem mantido a liderança. Até setembro, foram exportadas pelo estado, 132.464 cabeças, gerando um faturamento de US$137.787 milhões. Esses números correspondem a 38,0% do faturamento total das exportações desse setor. Na sequência estão Rio Grande do Sul e São Paulo.

Tabela 1.
Desempenho na exportação de bovino em pé, dos principais estados, em 2023*.

*até setembro de 2023
Não declarados: Referente aos embarques sem nota fiscal apresentada até o momento e/ou UF de origem.
Fonte: Secex / Elaborado por Scot Consultoria

Desde 2022, o embarque de bovinos vivos no Rio Grande do Sul vem aumentando, e em setembro, o estado exportou 116.642 cabeças, resultando em um faturamento de US$82.868 milhões, o que representa 23,0% do faturamento total.

Figura 4.
Representatividade dos principais exportadores de bovinos em pé no Brasil, por faturamento, nos últimos anos.

*até setembro de 2023
Não declarado: Referente aos embarques sem nota fiscal apresentada até o momento e/ou UF de origem.
Fonte: Secex / Elaborado por Scot Consultoria

Principais compradores

Os principais destinos das exportações de bovinos do Brasil, em 2023, se concentram nos países do Oriente Médio. A Turquia comprou 293.290 cabeças ou 83,75% da exportação. Seguido pelo Egito que comprou 25.853 cabeças, Líbano (24.945) e Iraque (14.233).

Figura 5.
Participação dos principais países importadores de bovinos em pé do Brasil, nos últimos anos.

*até setembro de 2023
Fonte: Secex / Elaborado por Scot Consultoria

Figura 6.
Principais países importadores de bovinos em pé do Brasil, em porcentagem, em 2023*.

*até setembro de 2023
Fonte: Secex / Elaborado por Scot Consultoria

Em resumo, o mercado de bovinos vivos é promissor, com perspectiva de crescimento. O rebanho brasileiro atende de forma satisfatória às demandas dos compradores em qualidade, raça, quantidade e preço.

As expectativas iniciais para 2023 apontavam para a exportação de cerca de 207 mil bovinos, o que representaria um aumento de 6,25% em relação a 2022. No entanto, surpreendentemente, o Brasil já exportou 385.168 cabeças até o início de outubro. As expectativas foram não apenas alcançadas, mas superadas de maneira notável, resultando em um aumento de 98,0% em comparação com 2022, até o momento.


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