Alcides Torres é engenheiro agrônomo, formado pela Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz" - ESALQ, da Universidade de São Paulo, é diretor-fundador da Scot Consultoria. É analista e consultor de mercado, com atuação nas áreas de pecuária de corte, leite, grãos e insumos agropecuários. É palestrante, facilitador e moderador de eventos conectados ao agronegócio. Membro de Conselho Consultivo de empresas do setor e coordenador das ações gerais da Scot Consultoria.
Ana Paula Oliveira é Médica veterinária e Zootecnista, mestre em Produção Animal pela FMVZ Unesp e analista de mercado da Scot Consultoria.
Artigo originalmente publicado no Broadcast Agro, da Agência Estado.
Em 2023 o volume de gado vivo exportado aumentou 298,9%, e o faturamento aumentou 254,2%, quando comparado a 2022. Foram embarcados cerca de 582,2 mil cabeças, com faturamento de US$488,6 milhões (Secex).
Segundo o último relatório do departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA – sigla em inglês) em setembro/23, a expectativa era de que fossem exportados cerca de 375 mil cabeças. Essa projeção foi superada.
Entre janeiro e julho, o Brasil exportou cerca de 282 mil bovinos vivos, aumento de 220% quando comparado ao mesmo período de 2022. Este aumento se deu para atender o Oriente Médio e a Turquia, que em 2022 no mesmo período, nada havia importado.
Em 2023, a Turquia retomou a posição de principal compradora, adquirindo 370 mil cabeças de bovinos, perfazendo 63% das compras do Brasil, representando 59% do faturamento, com US$289,0 milhões, em contraste com os 15% que representou em 2022 (US$29,7 milhões).
O Iraque manteve a segunda posição, com pouca alteração no volume importado, na comparação feita ano a ano.
Figura 1. Principais importadores de bovinos vivos do Brasil em 2023.
*Outros: Alemanha, Angola, Bangladesh, Bolívia, China, Congo, Costa do Marfim, Equador, Estados Unidos, Grécia, Ilhas Marshall, Libéria, Malta, Panamá, Paraguai, Portugal, Senegal e Uruguai.
Fonte: Secex, elaborado por Scot Consultoria.
Figura 2. Principais importadores de bovinos vivos do Brasil, em quantidade de cabeças, em 2023
*até 15/02
Fonte: Secex, elaborado por Scot Consultoria.
Em 2021, a exportação de bovinos sofreu com a pandemia de covid -19, enfrentando problemas logísticos e de barreiras decorrentes das medidas de combate à pandemia.
A interrupção ou restrição das atividades comerciais, além das medidas de segurança adotadas para conter a pandemia atrapalharam os fluxos comerciais e impuseram obstáculos adicionais à exportação de modo geral. Foram 3 anos consecutivos de queda na exportação brasileira. Em 2022, os embarques de gado vivo voltaram a crescer, cujo embarque foi de 195 mil cabeças (Secex).
Figura 3. Exportação brasileira de bovinos: volume (em mil cabeças, eixo da esquerda) e faturamento (em milhões de US$, eixo da direita).
Fonte: Secex, elaborado por Scot Consultoria.
A exportação de gado movimentou US$488,6 milhões em 2023. Nos últimos 11 anos (2013 a 2023), este mercado atingiu a marca de US$3,9 bilhões, com 4,7 milhões de cabeças embarcadas e um faturamento médio anual de US$358,0 milhões.
Figura 4. Estados exportadores de bovinos vivos em 2023, em número de cabeças.
Fonte: Secex, elaborado por Scot Consultoria.
O Pará foi o principal exportador, responsável por 40% do mercado em 2023.
Destaque para São Paulo, cuja exportação em 2023 foi de 120 mil cabeças. Esse desempenho pode estar associado à cotação da arroba do boi gordo no mercado interno, uma das mais baixas registradas nas séries históricas.
Figura 5. Participação dos principais estados exportadores de gado vivo do Brasil.
*até 15/02
**Não declarados: Referente aos embarques sem nota fiscal apresentada até o momento.
Fonte: Secex, elaborado por Scot Consultoria.
Figura 6. Comportamento em relação ao faturamento (US$) dos principais estados exportadores.
*até 15/02
**Não declarados: Referente aos embarques sem nota fiscal apresentada até o momento.
Fonte: Secex, elaborado por Scot Consultoria.
Segundo o último relatório do USDA divulgado em setembro/23, a expectativa é de que sejam exportados cerca de 455 mil bovinos. Entretanto, o Brasil tem superado as expectativas deste organismo nos dois últimos anos. O mercado de bovinos vivos está promissor e a expectativa é de crescimento, pois o rebanho brasileiro atende o que o comprador procura em qualidade, raça, quantidade e preço.
Além disso, em agosto de 2023, a Indonésia abriu mercado para a exportação brasileira de gado em pé e de farinhas utilizadas na alimentação animal. Durante a Cúpula da Amazônia, realizada em Belém-PA, foram assinados os protocolos sanitários que viabilizaram essa parceria. O secretário de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura brasileiro, esteve presente, juntamente com autoridades do país do Sudeste Asiático.
De acordo com o Ministério, os protocolos estabelecidos possibilitarão a exportação de gado, promovendo assim o aprimoramento genético do rebanho na Indonésia. Além disso, serão exportados coprodutos destinados à alimentação animal, consolidando uma cooperação entre Brasil e Indonésia.
A dinâmica do mercado mudou, em mercados atendidos, com uma participação maior de países do Oriente Médio e portos para embarque dos bovinos no país.
Com a demanda crescente da Turquia, e a abertura do mercado pela Indonésia, um dos grandes compradores de gado em pé, os números podem aumentar em 2024.
Nota: Após a liberação do material redigido, foi publicado no relatório do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA – sigla em inglês) em março/23, que em janeiro/24 o governo turco estabeleceu uma cota de importação para gado vivo de 600.000 cabeças. Considerando que o Brasil tinha uma alta dependência da Turquia para suas exportações em 2023, as projeções indicam que o Brasil exportará 475 mil cabeças de gado em 2024 para o mundo inteiro.
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