Analista de mercado da Scot consultoria.
Destacamos em outro momento a importância do acesso a dados atualizados (acesse) sobre indicadores na fazenda. Essas ferramentas possibilitam o monitoramento da produção, o que facilita a tomada de decisões.
A taxa de abate, nada mais é que a quantidade de animais que são abatidos dentro do rebanho total.
Ela é um indicador de produção e eficiência, refletindo a capacidade da operação em atender à demanda do mercado.
O cálculo deste índice é bem simples, considerando o número de animais abatidos e o estoque inicial (EI).
Taxa de abate = (número de bovinos abatidos / estoque total de bovinos) * 100
Vamos supor uma fazenda de corte com um estoque inicial (EI) de 1.000 cabeças. Depois de determinado tempo, 200 animais foram destinados ao abate.
Taxa de abate = (número de bovinos abatidos / estoque total de bovinos) * 100
Taxa de abate = (200 / 1000) * 100 = 0,2 * 100= 20,0%
Portanto, a taxa de abate nesse caso seria de 20,0%, o que significa que 20,0% do rebanho total foi abatido.
Vários fatores podem impactar este índice.
A demanda do mercado desempenha um papel crucial, determinando a necessidade de produção para atender aos compradores.
Por exemplo, se houver uma demanda crescente por carne, os produtores podem abater mais animais para atender a essa demanda e aproveitar os preços mais altos.
Regulamentações governamentais, condições climáticas, avanços tecnológicos e tendências de consumo também exercem forte influência sobre essa taxa. Além disso, a disponibilidade de animais prontos para o abate é um aspecto essencial.
Mas, essencialmente, o ciclo pecuário tem seu maior peso e influência na taxa de abate.
A taxa de abate está, de certa forma, diretamente relacionada ao ciclo pecuário, que é o padrão de flutuações na oferta de gado ao longo do tempo, principalmente relacionado a oferta de fêmeas.
Em momentos de mercado em que o preço pago pela reposição bovina é competitivo, há uma tendência maior de retenção de fêmeas (matrizes) para reprodução. Esse cenário resulta em uma diminuição na oferta de animais prontos para o abate, o que por sua vez, eleva o preço pago pela arroba bovina.
Consequentemente, após 4 a 6 anos, observa-se uma grande oferta de animais de reposição, gerando pressão nos preços pagos pela arroba e revertendo as tendências do ciclo.
Durante o ciclo pecuário, a taxa de abate tende a aumentar durante a fase de baixa, pois há maior oferta de bovinos, principalmente fêmeas. A maior participação de fêmeas no abate tende a pressionar para baixo os preços pagos na arroba do boi gordo.
Assim, na fase de alta, a taxa de abate tende a diminuir em relação à fase de baixa do ciclo. Nesta fase, há uma menor participação de fêmeas nos abates de bovinos.
Em resumo, a taxa de abate está diretamente ligada ao ciclo pecuário, refletindo as dinâmicas de oferta e demanda ao longo do tempo, bem como as estratégias dos produtores em resposta a essas mudanças de mercado.
Vale ressaltar que, como o cálculo leva em consideração o rebanho inicial, uma taxa de nascimento e parições alta, pode acabar trazendo taxas mais baixas, mesmo com uma quantidade de bovinos abatidos maiores que no período anterior de comparação.
Se analisarmos este índice a nível nacional, alguns fatores podem interferir nos resultados obtidos.
A taxa de abate será relativamente menor em períodos em que se obtém alta exportação de gado em pé (vivos), imposições comerciais ou sanitárias de países importadores da carne brasileira, e diminuição da demanda por parte da ponta consumidora.
A taxa de abate no Brasil em 2023 foi de 14,3%, representando uma redução de 2,0 pontos percentuais em relação a 2013, quando o país registrou uma média de 16,3%.
Em 2013, foram abatidas 34,4 milhões de cabeças, em um rebanho total de 211,3 milhões, enquanto em 2023 o abate total é de 34,0 milhões, para um rebanho de 234,3 milhões (rebanho recorde).
Essa diferença, ao longo de uma década, também está ligada à fase do ciclo pecuário em que a produção nacional se encontra, e aos dados produtivos da pecuária de bovinocultura, onde o rebanho aumentou 10,9%, enquanto o abate obteve uma redução de 1,16%.
Figura 1.
Taxa de abate no Brasil, nos últimos 10 anos.
Fonte: IBGE / Elaborado por Scot Consultoria.
*Na elaboração do gráfico considerou-se que o estoque inicial (EI) de bovinos no Brasil e o abate total de bovinos referentes ao ano. O estoque inicial é a estimativa do ano anterior e o estoque final a estimativa do estoque vigente.
Enquanto a taxa de desfrute leva em consideração os estoques iniciais e finais, além das compras e vendas de um rebanho durante um período. A taxa de abate é calculada apenas com a quantidade de animais abatidos em relação a população do rebanho.
Diferentemente da taxa de desfrute, para este índice não há um referencial único para determinar se a taxa de abate foi eficiente, pois isso depende de diversos fatores, destacados anteriormente.
Onde, em suma, a taxa de abate é um indicador para representar produtividade do rebanho, levando em consideração a quantidade de animais abatidos em relação ao rebanho inicial.
Receba nossos relatórios diários e gratuitos