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Scot Consultoria

Taxa de abate na pecuária


Quinta-feira, 21 de março de 2024 - 06h00

Analista de mercado da Scot consultoria.



Destacamos em outro momento a importância do acesso a dados atualizados (acesse) sobre indicadores na fazenda. Essas ferramentas possibilitam o monitoramento da produção, o que facilita a tomada de decisões.

A taxa de abate, nada mais é que a quantidade de animais que são abatidos dentro do rebanho total.

Ela é um indicador de produção e eficiência, refletindo a capacidade da operação em atender à demanda do mercado.

Como calcular a taxa de abate?

O cálculo deste índice é bem simples, considerando o número de animais abatidos e o estoque inicial (EI).

Taxa de abate = (número de bovinos abatidos / estoque total de bovinos) * 100

Na prática

Vamos supor uma fazenda de corte com um estoque inicial (EI) de 1.000 cabeças. Depois de determinado tempo, 200 animais foram destinados ao abate.

Taxa de abate = (número de bovinos abatidos / estoque total de bovinos) * 100

Taxa de abate = (200 / 1000) * 100 = 0,2 * 100= 20,0%

Portanto, a taxa de abate nesse caso seria de 20,0%, o que significa que 20,0% do rebanho total foi abatido.

O que pode interferir a taxa de abate?

Vários fatores podem impactar este índice.

A demanda do mercado desempenha um papel crucial, determinando a necessidade de produção para atender aos compradores.

Por exemplo, se houver uma demanda crescente por carne, os produtores podem abater mais animais para atender a essa demanda e aproveitar os preços mais altos.

Regulamentações governamentais, condições climáticas, avanços tecnológicos e tendências de consumo também exercem forte influência sobre essa taxa. Além disso, a disponibilidade de animais prontos para o abate é um aspecto essencial.

Mas, essencialmente, o ciclo pecuário tem seu maior peso e influência na taxa de abate.

Taxa de abate e o ciclo pecuário

A taxa de abate está, de certa forma, diretamente relacionada ao ciclo pecuário, que é o padrão de flutuações na oferta de gado ao longo do tempo, principalmente relacionado a oferta de fêmeas.

Em momentos de mercado em que o preço pago pela reposição bovina é competitivo, há uma tendência maior de retenção de fêmeas (matrizes) para reprodução. Esse cenário resulta em uma diminuição na oferta de animais prontos para o abate, o que por sua vez, eleva o preço pago pela arroba bovina.

Consequentemente, após 4 a 6 anos, observa-se uma grande oferta de animais de reposição, gerando pressão nos preços pagos pela arroba e revertendo as tendências do ciclo.

Durante o ciclo pecuário, a taxa de abate tende a aumentar durante a fase de baixa, pois há maior oferta de bovinos, principalmente fêmeas. A maior participação de fêmeas no abate tende a pressionar para baixo os preços pagos na arroba do boi gordo.

Assim, na fase de alta, a taxa de abate tende a diminuir em relação à fase de baixa do ciclo. Nesta fase, há uma menor participação de fêmeas nos abates de bovinos.

Em resumo, a taxa de abate está diretamente ligada ao ciclo pecuário, refletindo as dinâmicas de oferta e demanda ao longo do tempo, bem como as estratégias dos produtores em resposta a essas mudanças de mercado.

Vale ressaltar que, como o cálculo leva em consideração o rebanho inicial, uma taxa de nascimento e parições alta, pode acabar trazendo taxas mais baixas, mesmo com uma quantidade de bovinos abatidos maiores que no período anterior de comparação.

Taxa de abate no Brasil

Se analisarmos este índice a nível nacional, alguns fatores podem interferir nos resultados obtidos.

A taxa de abate será relativamente menor em períodos em que se obtém alta exportação de gado em pé (vivos), imposições comerciais ou sanitárias de países importadores da carne brasileira, e diminuição da demanda por parte da ponta consumidora.

A taxa de abate no Brasil em 2023 foi de 14,3%, representando uma redução de 2,0 pontos percentuais em relação a 2013, quando o país registrou uma média de 16,3%.

Em 2013, foram abatidas 34,4 milhões de cabeças, em um rebanho total de 211,3 milhões, enquanto em 2023 o abate total é de 34,0 milhões, para um rebanho de 234,3 milhões (rebanho recorde).

Essa diferença, ao longo de uma década, também está ligada à fase do ciclo pecuário em que a produção nacional se encontra, e aos dados produtivos da pecuária de bovinocultura, onde o rebanho aumentou 10,9%, enquanto o abate obteve uma redução de 1,16%.

Figura 1.
Taxa de abate no Brasil, nos últimos 10 anos.

Fonte: IBGE / Elaborado por Scot Consultoria.

*Na elaboração do gráfico considerou-se que o estoque inicial (EI) de bovinos no Brasil e o abate total de bovinos referentes ao ano. O estoque inicial é a estimativa do ano anterior e o estoque final a estimativa do estoque vigente.

Taxa de abate X taxa de desfrute

Enquanto a taxa de desfrute leva em consideração os estoques iniciais e finais, além das compras e vendas de um rebanho durante um período. A taxa de abate é calculada apenas com a quantidade de animais abatidos em relação a população do rebanho.

Diferentemente da taxa de desfrute, para este índice não há um referencial único para determinar se a taxa de abate foi eficiente, pois isso depende de diversos fatores, destacados anteriormente.

Onde, em suma, a taxa de abate é um indicador para representar produtividade do rebanho, levando em consideração a quantidade de animais abatidos em relação ao rebanho inicial.


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