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Scot Consultoria

Manejando e controlando plantas daninhas da pastagem - Parte 2


Segunda-feira, 29 de julho de 2024 - 06h00

Zootecnista, professor em cursos de pós-graduação nas Faculdades REHAGRO, na Faculdade de Gestão e Inovação (FGI) e nas Faculdades Associadas de Uberaba (FAZU); Consultor Associado da CONSUPEC - Consultoria e Planejamento Pecuário Ltda; Investidor nas atividades de pecuária de corte e de leite.


Foto: Bela Magrela


Na parte 1 dessa série de artigos sobre manejando e controlando plantas daninhas da pastagem, descrevi as definições de plantas daninhas, suas denominações técnicas e populares, as classes das famílias onde são classificadas, as causas do seu aparecimento e as consequências da sua presença na pastagem.

O manejo de plantas daninhas é a combinação de uma forma racional de medidas preventivas e culturais, enquanto o controle é a combinação de métodos de controle com a finalidade de erradicar as plantas indesejáveis já presentes na pastagem. Manejo e controle de plantas daninhas no Brasil têm sido investigados pela pesquisa e validado em fazendas comerciais por quase seis décadas.

As medidas preventivas consistem na adoção de procedimentos que previnam a introdução dessas plantas em um continente, ou em um país, ou em uma região dentro de um país, ou em um estado em uma região, ou em uma fazenda, ou em retiros de uma fazenda.

Já as medidas culturais consistem em manejar corretamente a pastagem para que o pasto consiga dominar o terreno e competir com as plantas daninhas pelos fatores de crescimento.

O manejo e controle de plantas daninhas deve ser executado de forma integrada a partir da adoção de medidas de manejo e de métodos de controle já validados pela pesquisa e em campo, nas fazendas comerciais.

Como medidas preventivas se tem a compra de sementes com alta porcentagem de pureza, o jejum em animais recém-introduzidos na propriedade, a lavagem de implementos, de máquinas e veículos após cada operação em uma área infestada por plantas daninhas e a limpeza/lavagem de calçados e roupas de trabalhadores que trabalharam em áreas infestadas.

O manejo cultural consiste na adoção de práticas agronômicas e de manejo da pastagem desde antes da sua implantação e durante a sua condução, dando condições da planta forrageira ter rebrotas mais vigorosas, perfilhar mais, acumular mais massa de forragem, alcançar maiores alturas e assim dominar os espaços e competir com as plantas daninhas. Basta ler as causas do aparecimento de plantas daninhas na pastagem e proceder de forma contrária àquelas causas que se adotará na íntegra o método de controle cultural (ler artigo na edição de julho de 2024).

Como medidas de controle se têm os métodos mecânico, biológico, o fogo e o químico.

O controle mecânico é realizado com a utilização dos seguintes equipamentos: enxada, enxadão, foice, roçadoura, correntão, triângulo, rolo-faca, mata-broto, aração e gradagem.

As ferramentas enxada, enxadão ou foice são adotadas em condições de áreas que impossibilitam a mecanização, tais como áreas com relevos íngremes, solos inundáveis e em pequenas áreas. Este método de controle tem como desvantagens a lentidão para a sua execução, a alta dependência por mão de obra que tem ficado escassa e cara principalmente em regiões onde alternativas de uso do solo têm concorrido por mão de obra e pagado melhores salários (cultivos de cana, grãos, reflorestamentos, seringais, cafezais etc.), além das questões trabalhistas. Todos estes aspectos encarecem e limitam a adoção daqueles métodos, além de sua eficácia ser comprovadamente baixa.

Os implementos, roçadora, correntão, triângulo, rolo-faca, mata-broto são adotados em condições opostas àquelas citadas para os métodos de controle manuais. Não tem as desvantagens citadas para o controle manual, mas são menos eficazes que este método.

A aração e gradagem podem provocar um efeito contrário ao esperado quando as plantas daninhas que estão presentes na área têm suas raízes e outros órgãos subterrâneos (rizomas, tubérculos etc.) cortados e repicados. As partes daqueles órgãos picados podem dar origem a novas plantas aumentando a população das plantas daninhas.

Dentre os métodos mecânicos, apenas o que retira as plantas daninhas com a sua raiz usando o enxadão é que é eficaz, apesar de ser o método mais lento e de maior custo. Os métodos que apenas roçam a planta daninha, na verdade, trazem um efeito contrário, pois estimula a brotação de novas ramificações aumentando o diâmetro da parte aérea das plantas e estimula o desenvolvimento dos seus órgãos subterrâneos (raízes, tubérculos, rizomas) para o armazenamento de reservas orgânicas, dificultando muito seu controle posterior.

O método de controle biológico, consiste na utilização de inimigos naturais como insetos, fungos, bactérias, ácaros, vírus, peixes, aves (adotados em outros países, mas não no Brasil) e herbívoros no controle de plantas daninhas. Entretanto, nas condições brasileiras o que tem sido factível é o pastejo combinado de bovinos com caprinos ou bovinos com equídeos juntos ou em pastoreio de lotação rotativa com os bovinos no lote desponte e os caprinos ou os equinos no lote rapador. Esse método é também adotado combinando pastejo de caprinos e ovinos. Os caprinos, por exemplo, incluem na sua dieta folhagem e mesmo rebentos de plantas subarbustivas e arbustivas.  Além da folhagem, utilizam a casca de algumas espécies e a ação contínua pode provocar o anelamento do caule e a consequente morte do arbusto.

O fogo provoca perdas de 100,0% do carbono, de 98,0% do nitrogênio e de 95,0% do enxofre da biomassa vegetal da pastagem (da planta forrageira e das plantas daninhas), provocando empobrecimento da fertilidade do solo (diminuição dos teores de matéria orgânica e de nutrientes, aumento nos teores de alumínio para níveis tóxicos e acidificação). Se durante a queima a temperatura alcançar valores extremos, o fósforo também é perdido. O solo fica desprotegido e exposto à radiação solar e ao impacto das águas das chuvas e ao pisoteio de animais e de máquinas, o que provoca seu adensamento, compactação e erosão. Além disso, causa uma mudança na composição botânica da pastagem, com eliminação gradativa da planta forrageira e das daninhas herbáceas (diga-se de passagem, de mais fácil controle) e sua substituição por plantas daninhas de portes subarbustivo, arbustivo e arbóreo, plantas lenhosas, de controle reconhecidamente mais difícil. E o mais desafiador ainda, é a substituição da planta forrageira e das daninhas de folha larga, por capins-invasores extremamente fibrosos, de baixa aceitabilidade pelos animais, de alta capacidade de dispersão e de controle muito difícil pela limitação na disponibilidade ingredientes ativos para herbicidas seletivos.

O método de controle químico é realizado com a utilização de produtos denominados herbicidas, que provocam a morte ou impedem o desenvolvimento das plantas daninhas, mas esse tema ficará para a próxima edição - aguardem.


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