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Scot Consultoria

O que o ágio do bezerro está indicando


Terça-feira, 3 de setembro de 2024 - 06h00

Alcides Torres é engenheiro agrônomo, formado pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz - ESALQ, da Universidade de São Paulo, é diretor-fundador da Scot Consultoria. É analista e consultor de mercado, com atuação nas áreas de pecuária de corte, leite, grãos e insumos agropecuários. É palestrante, facilitador e moderador de eventos conectados ao agronegócio. Membro de Conselho Consultivo de empresas do setor e coordenador das ações gerais da Scot Consultoria.

Juliana Pila é zootecnista, formada pela Universidade Estadual Paulista-UNESP com MBA em Gestão de Negócios pela Pecege USP/Esalq. É editora-chefe da área de pecuária de leite e da Carta Leite. Pesquisadora e analista do mercado pecuário (boi gordo, leite, grãos, frangos, suínos e insumos para a atividade). Ministra palestras e treinamentos nas áreas de mercado de leite, boi gordo, grãos e assuntos relacionados à agropecuária em geral.


Foto por: Scot Consultoria


Artigo originalmente publicado no Broadcast Agro, da Agência Estado.

O ágio e o deságio são conceitos utilizados na pecuária de corte para calcular o preço da arroba de um bovino em relação ao preço da arroba do boi gordo. O ágio é o quanto a mais se paga pela arroba de um bovino para reposição do rebanho em relação ao boi gordo, enquanto o deságio é o quanto menos se paga.

Para quem compra reposição, quanto menor o ágio, melhor.

E se o ágio está elevado, o preço do bezerro está mais firme, em relação ao boi gordo. Ou seja, ágio elevado é sinônimo de uma relação de troca menos atrativa com a reposição. Esse quadro é resultado de um cenário cujos preços do bezerro estão subindo mais ou caindo menos que o boi gordo.

Analisando o histórico e o que ele nos sinaliza

No ciclo pecuário, quem define os preços é a oferta de fêmeas. Quando temos mais fêmeas indo ao abate, os preços no mercado do boi tendem a cair. E, com o tempo, o abate de fêmeas provoca a diminuição da produção de bezerros e consequentemente da oferta, deixando o ágio “maior”, menos favorável ao comprador.

Com os preços do bezerro mais firmes, a rentabilidade da cria começa a melhorar e acontece uma redução na oferta de fêmeas para abate. As fêmeas, matrizes, são direcionadas para a produção de bezerros. E, com menos fêmeas indo para o gancho, o mercado do boi começa a subir, diminuindo o ágio com o bezerro.

Veja na figura 1, o ágio do bezerro em relação ao boi gordo na comparação com o mesmo mês do ano anterior dos últimos dez anos.

O ágio desde maio vem esboçando uma reversão de tendência. A última vez que isso ocorreu, entre 2018 e 2021 houve menos fêmeas indo ao abate.

Isso nos mostra que os abates de fêmeas elevados nos últimos anos e agora em 2024 parecem começar a ser sentidos o que indica um quadro mais favorável aos preços do bezerro.

Se a reação nos preços do bezerro se concretizar, é provável que a retenção de fêmeas também comece a acontecer, dando suporte às cotações do boi gordo no futuro.


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