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Scot Consultoria

Diferencial de base


Segunda-feira, 14 de outubro de 2024 - 06h00


Foto: Bela Magrela


Para entender o que é o diferencial de base é preciso primeiro conceituar o que é base, que é a diferença entre o preço futuro e o preço à vista de um ativo, nesse caso o boi gordo. Dessa forma o diferencial de base é um indicador e pode ser definido como a diferença entre a cotação da arroba do boi gordo na praça base, o estado de São Paulo, e a cotação da arroba do boi gordo nas demais praças do país. Essa diferença entre os preços se dá por diversos fatores, como a oferta, o consumo de carne e o clima, entre outros.

E por que São Paulo é a praça base?

Porque é o estado que concentra o maior mercado consumidor do país, e considerando o balanço produtivo de carne bovina, São Paulo consome mais do que produz, e necessita importar de outros estados, fator que mantém essa correlação com as demais praças.

Além desse motivo existe também o fator histórico, o primeiro contrato de boi gordo foi lançado pela Bolsa de Mercadorias de São Paulo (BMSP) no início da década de 80, e anos depois em 1994 as liquidações eram físicas, na cidade de Araçatuba (SP), operação que evoluiu para o contrato futuro do boi gordo cuja liquidação é financeira.

O que o diferencial de base indica?

Observando o intervalo de 6 de setembro a 6 de outubro de 2024, pode-se observar que o diferencial de base, por exemplo, flutuou negativamente sempre entre 0 e 3%, entre São Paulo e Três Lagoas, no Mato Grosso Sul, o que indica uma forte correlação entre São Paulo e a praça vizinha. Veja na figura 1, o comportamento do diferencial de base, segundo o indicador do boi gordo da Scot Consultoria, considerando os preços brutos com prazo.

Figura 1.
Diferencial de base entre Três Lagoas, Mato Grosso do Sul e São Paulo - 6 de setembro a 6 de outubro de 2024.

Fonte: Scot Consultoria

Quando os fatores citados, ou outros, alteram os preços em relação aos preços futuros, afetando o comportamento da base, isso faz com que ela se fortaleça ou enfraqueça, esse é o chamado risco de base. Dessa forma, a base passa a ser classificada em esticada ou enfraquecida, quando os preços do mercado físico sobem menos e ficam distantes dos preços do mercado futuro, e pode ser classificada como base curta ou fortalecida, que é quando os preços à vista sobem mais, e a diferença entre mercado físico e futuro fica menor, mais positiva.

Quando o diferencial de base está esticado, fica interessante para a ponta compradora buscar gado em outras regiões, que estão com preços menores, isso considerando fretes e impostos. Essa manobra faz com que o diferencial se corrija rapidamente, que é o que foi observado no decorrer do último mês.

O mercado vigente nos mostra uma base fortalecida em relação as principais praças pecuárias brasileiras, tendo como exemplo o estado do Paraná, que na primeira semana de outubro apresentou um diferencial de base de 0,0%, na maioria dos dias, veja na figura 2. E por quê? Acontece que como exposto no começo, São Paulo é o estado com maior déficit no balanço de carne bovina, com a forte demanda aliada à baixa oferta de gado terminado, o estado importou fortemente das praças vizinhas, o que fez com que os preços dessas praças se aproximassem aos de São Paulo.

Figura 2.
Diferencial de base entre Noroeste do Paraná e São Paulo – 1 de outubro a 7 de outubro de 2024.

Fonte: Scot Consultoria

E como o diferencial de base pode ajudar o pecuarista nos seus negócios?

Na prática, o diferencial não indica movimento futuro no mercado, mas com a analogia dessa correlação é possível observar a semelhança de comportamento, quando existem altos índices de correlação isso reflete uma tendência de que o diferencial de base pode repetir um comportamento histórico.

Dessa forma, pensando em negociações no mercado futuro, como os preços dos contratos futuros são baseados nos preços nas praças paulistas, o diferencial de base ajuda o pecuarista a usar essa referência para as suas negociações. Mas de que forma? O pecuarista usa o diferencial para corrigir a defasagem do preço da arroba na praça onde a produção está localizada, em relação ao mercado de São Paulo.

Assim, depois de obter a projeção do preço de venda da arroba na sua praça o produtor deve avaliar se esse valor obtido cobre seus custos de produção e garante margem de lucro, ou seja, deve avaliar se a conta fecha. Aí então o próximo passo é fazer a gestão de risco, o produtor pode usar como estratégia de proteção de preço ferramentas como a venda de contratos futuros, put, ou contratos a termo, ficando fora do risco das oscilações de preços do mercado de boi gordo.


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