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Scot Consultoria

Exportação de bovinos vivos deverá ser recorde


Terça-feira, 15 de outubro de 2024 - 06h00

Alcides Torres é engenheiro agrônomo, formado pela Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz" - ESALQ, da Universidade de São Paulo, é diretor-fundador da Scot Consultoria. É analista e consultor de mercado, com atuação nas áreas de pecuária de corte, leite, grãos e insumos agropecuários. É palestrante, facilitador e moderador de eventos conectados ao agronegócio. Membro de Conselho Consultivo de empresas do setor e coordenador das ações gerais da Scot Consultoria.

Ygor Maggiori é analista de mercado da Scot Consultoria


Foto: Bela Magrela


Artigo originalmente publicado no Broadcast Agro.

Foi no século XVII que a pecuária começou a se expandir para o interior do país, especialmente no Nordeste, impulsionada pela proibição da criação de gado próxima ao litoral.

A proibição se deu em decorrência do aumento do rebanho, um problema para os produtores de cana, já que o gado ocupava espaços destinados às plantações. Isso levou a Coroa Portuguesa a emitir um decreto proibindo a criação de gado em uma faixa de 80 km, da costa ao interior.

Mercado mundial e participação brasileira

Em 2022, a União Europeia, México, Canadá, Austrália, Estados Unidos e Brasil responderam por 91,88% do mercado global de bovinos vivos.

A participação brasileira foi de 3,7% (USDA). Quando consideramos apenas os países mencionados, a contribuição do Brasil foi de 4,1% (figura 1).

Figura 1.
Principais exportadores de bovinos em pé em 2022, em mil cabeças.

*Outros: Argentina, Egito, Índia, Japão, Coreia do Sul, Reino Unido, China, Rússia, Ucrânia, Uruguai e Nova Zelândia.
Fonte: USDA / Elaborado por Scot Consultoria.

Em 2023, a participação brasileira subiu para 7,2%.

Em decorrência desse aumento e da retração na exportação dos Estados Unidos, o Brasil ascendeu para a 5ª posição entre os principais exportadores e aproximou-se de um de seus principais concorrentes, a Austrália. Veja na figura 2. 

Figura 2.
Principais exportadores de bovinos em pé em 2023, em mil cabeças.

*Outros: China, Reino Unido, Rússia, Nova Zelândia, Ucrânia e Uruguai.
Fonte: USDA / Elaborado por Scot Consultoria.

Durante a pandemia, o aumento do custo do frete marítimo, que é o principal modal de exportação dos bovinos vivos, fez com que os importadores optassem pelos rebanhos de regiões próximas.

Em 2024, a quantidade exportada até setembro, acompanhou o ritmo, dos outros meses, com 761,8 mil cabeças embarcadas, superando todos os anos, com exceção de 2018, a expectativa é que a quantidade de bovinos vivos exportados aumente, tornando 2024 o maior deles (figura3). 

Figura 3.
Quantidade de cabeças de bovinos exportadas pelo Brasil nos últimos anos, em cabeças.

*Até agosto de 2024
Fonte: Secex / Elaborado por Scot Consultoria.

A recuperação da exportação de gado vivo é notável. Em 2022, foram exportadas 150mil cabeças, com faturamento de US$192.253 milhões. Em 2023, o volume aumentou 288,7%, e o faturamento aumentou 254,2%, quando comparado a 2022. Foram embarcados cerca de 583 mil cabeças, com faturamento de US$488,6 milhões (Secex). 

Nos últimos 11 anos (2013 a 2023), o faturamento foi de US$3,9 bilhões, com 4,7 milhões de cabeças embarcadas e um faturamento médio anual de US$358 milhões (figura 4).

Figura 4.
Faturamento com a exportação brasileira de gado vivo nos últimos anos em milhões de dólares.

*Até setembro de 2024.
Fonte: Secex / Elaborado por Scot Consultoria.

Principal estado exportador 

Ao longo dos anos, o Pará tem mantido a liderança na quantidade de bovinos exportados.

Em 2024, em setembro, o estado respondeu por 38,7% da exportação, com 52,2 mil cabeças e um faturamento de US$47,7 milhões.

Rota de exportação

Os principais portos para exportação foram: “ALF – Belém”, com 317 mil cabeças (porto de exportação do gado paraense), “Porto de Rio Grande”, com 147,2 mil cabeças e “São Sebastião”, com 111,7 mil cabeças embarcadas.

O contraponto à conquista do mercado de bovinos vivos é a oposição sistemática de organizações que se opõem a essa modalidade de negócio, pois não concordam com o transporte de rebanhos por longas distâncias, pensando do ponto do bem-estar animal – preocupação que justifica os protocolos para a exportação de gado em pé.

Em resumo, o mercado de bovinos vivos é promissor, complementando o negócio pecuário nacional. O rebanho brasileiro atende às demandas dos compradores em qualidade, raça, quantidade e preço.

Em 2024 a exportação de bovinos, atingiu até setembro, 761,8 mil cabeças, um aumento de 30,8% em relação a 2023. No entanto faltam três meses para o encerramento de 2024 e os números deverão aumentar. 


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