A avicultura é uma das principais atividades do agronegócio brasileiro. Se concentra nas regiões Sudeste e Sul.
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Paraná possui 242,1 milhões de aves (corte e postura), o que representa 23,5% do total nacional. São Paulo vem em seguida, com 177,6 milhões de unidades (17,3%). Santa Catarina e Rio Grande do Sul possuem 157,3 milhões e 127,7 milhões de unidades, respectivamente. Juntos, estes estados são responsáveis por 68,5% da produção nacional.
Em meio à crise que acomete a suinocultura e ameaça a avicultura, agosto foi um mês de reação nos preços. O produtor recebeu, em média, R$2,30 pelo quilo do frango vivo, valor recorde. A alta foi de 23,7% em relação a média de julho. Observe na figura 1.
Este foi o melhor valor médio recebido pelo avicultor em 2011. A variação mensal, em agosto, foi de 23,0%, também a maior do ano. O produtor iniciou o mês recebendo, em média, R$1,95/kg e terminou com o pagamento de R$2,40/kg.
O cenário positivo foi observado também para a avicultura de postura. Em agosto o produtor recebeu, em média, R$54,20 pela caixa com 30 dúzias de ovos, valor 15,3% maior que em agosto de 2011. As cotações diárias atingiram R$56,00, valor recorde.
A iminente crise na avicultura se baseia, principalmente, no encarecimento dos insumos. A alimentação é o item que compõe até 70,0% do custo total de produção. Nos últimos doze meses, a soja e o milho, principais componentes da ração, aumentaram 71,7% e 19,2%, respectivamente. Veja na figura 2.
A alta nos preços dos grãos ocorre por conta da quebra de safra nos Estados Unidos, maiores produtores e exportadores globais de soja e milho, causada pelo clima quente e seco. O mercado interno brasileiro também observa uma menor oferta de soja, por conta da quebra de safra na região Sul no início do ano.
Para a indústria, a situação é positiva em relação aos preços. Pagou-se, em média, R$3,31 pelo quilo do frango resfriado, melhor valor dos últimos doze meses. Entretanto, a margem de comercialização caiu nove pontos percentuais em relação à margem vigente em julho, ficando em 44,1%. Observe na figura 3.
A margem de comercialização da indústria ficou acima da média do período por cinco meses neste ano. A redução da margem em agosto sinaliza a redução de produção e o repasse dos custos, ou seja, a indústria recebeu mais pelo produto mas teve que pagar mais pela matéria prima.
De acordo com levantamento feito pela União Brasileira de Avicultura (UBABEF), baseado em informações das associações estaduais de avicultura, como reflexo da crise, aproximadamente 5,7 mil pessoas já foram demitidas no setor neste ano. A dificuldade de acesso ao crédito e a falta de incentivos públicos também são apontadas como contribuinte à crise.
No Paraná, o produtor integrado está entre os mais prejudicados. Segundo a Federação de Agricultura do Estado do Paraná (FAEP), há dificuldades para amortizar investimentos.
Em alguns casos, as indústrias suspenderam o repasse de pintainhos e, em outros, suspenderam o repasse de alimentação, situação que prejudica ainda mais este produtor. O estado encaminhará ao governo federal propostas de apoio ao setor, principalmente em relação ao endividamento de produtores e empresas integradoras.
Nos próximos meses os preços pagos ao avicultor podem subir, como reflexo do repasse do custo de produção e da redução da produção, situações positivas para o produtor e para a indústria. Por outro lado, a tendência de repasse destes preços ao consumidor final pode limitar o consumo e, consequentemente, causar impactos negativos nos elos anteriores da cadeia.
Receba nossos relatórios diários e gratuitos