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Carta Café - O mercado do café em 2012 e perspectivas para 2013


Sexta-feira, 4 de janeiro de 2013 - 16h11

O Brasil é o principal produtor e exportador mundial de café arábica e o segundo produtor de café conilon, segundo dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA).

Na safra 2011/2012, considerando as duas variedades, a produção foi de 43,48 milhões de sacas de 60kg, segundo dados da Companhia Nacional do Abastecimento (CONAB).

A expectativa para a safra 2012/2013, de bienalidade positiva, é de produção recorde, 50,61 milhões de sacas. Uma alta de 16,4%. Aproximadamente 75,0% da produção brasileira de café corresponde à variedade arábica.

No Centro-Sul do país estão 87,0% dos cafezais brasileiros em produção. Estima-se que na safra 2012/2013, os cafezais ocupem 2,32 milhões de hectares. Um crescimento de 2,2% em relação à área da safra anterior. 
Na atual safra, Minas Gerais responde por 52,2% da área total.

Minas Gerais e São Paulo são os principais produtores do arábica. A produção de conilon se concentra no Espírito Santo e em Rondônia. A produtividade média está em 24,5 sacas por hectare, um aumento de 16,1% em relação às 21,1 sacas produzidas na safra passada.

A produção crescente é reflexo dos investimentos que boa parte dos cafeicultores, principalmente os mineiros, realizaram em plantio, renovação e em recuperação das lavouras. As cotações da saca de café arábica, do final de 2010 até início de 2012, permitiram este cenário. Em 2011, foi verificado recorde de R$550,00 por saca.

Porém, as cotações arrefeceram. Em 2011 o comportamento de preços desta variedade foi distinto do que se observou em relação ao conilon.

Café arábica

A saca de 60kg ficou cotada em média, em 2012, em R$391,20, uma queda de 20,9% em relação à média de preços de 2011. Apenas em janeiro os preços foram maiores em relação ao mesmo mês do ano anterior. Figura 1.
As quedas nas cotações foram ocasionadas, principalmente, pela produção recorde brasileira e pela menor quantidade de grãos de boa qualidade.

O cenário de crise de diversas economias desenvolvidas, entre elas as principais consumidoras de café, também foi um fator de queda das cotações nas principais bolsas internacionais.

Em 2012, os preços em baixa colaboraram com o resultado econômico pior para o produtor da variedade arábica. Tabela 1.

Em relação à safra anterior, o custo operacional pesou menos. Entretanto, a desvalorização da saca de café, de 15,8%, resultou em forte redução do lucro. Consequentemente, a rentabilidade caiu 5,8 pontos percentuais, mas ainda ficou positiva. 

Para o produtor de café conilon o cenário foi positivo em 2012. 

Café conilon

A média de preços da saca de 60kg de café conilon ficou em R$268,90. Este valor é 15,1% maior em relação à média de 2011. Figura 2.

Durante os dez primeiros meses do ano, as cotações foram consideravelmente maiores que nos mesmos meses de 2011. A maior demanda das torrefadoras nacionais foi um dos fatores altistas, apesar da produção 10,5% maior.

A alta das cotações veio aliada a custos operacionais menores. Veja na tabela 2.

Até o momento, nesta safra, o lucro aumentou 7,5 pontos percentuais.

Exportações

As exportações de café em grão não torrado em 2012 não devem ultrapassar o recorde de 2011, cujo volume foi de 1,7 milhão de toneladas, ou 29,8 milhões de sacas. O faturamento naquele ano foi de US$7,9 bilhões.

De janeiro a novembro, o volume exportado foi de 22,4 milhões de sacas, com faturamento de US$5,2 bilhões.Assim como em 2011, os Estados Unidos, a Alemanha, a Itália, o Japão e a Bélgica foram os principais clientes do café brasileiro em 2012.Puxado pela queda das cotações nas principais bolsas internacionais, o produto brasileiro ficou mais barato no mercado internacional. A tonelada do café brasileiro caiu de US$4.466,22, em média, em 2011, para US$3.849,85 em 2012.

A queda no volume exportado em uma safra de produção recorde ajudou a aumentar a disponibilidade do grão no mercado interno, pressionando as cotações para baixo.Ressalta-se que o Brasil é um grande exportador de café, porém, exporta principalmente o grão inteiro, matéria prima. A exportação de produtos com maior valor agregado, como torrado ou solúvel, poderia trazer um faturamento quase duas vezes maior ao que se obtém com o grão inteiro.

A tonelada do café torrado brasileiro, no mercado internacional, está cotada, em média, em US$8.191,72, este valor é 2,1 vezes maior.

Por fim, em curto e médio prazos...

Nos últimos anos, impulsionados pelos melhores preços, o cafeicultor brasileiro, mais capitalizado, investiu em renovação de cafezais e expansão da área plantada. Resultado disto foram as produções crescentes nas últimas três safras. 

Para o café arábica, o maior volume disponibilizado no mercado devido à safra recorde e os recuos das cotações nas principais bolsas internacionais foram fatores de redução das cotações nacionais e, consequentemente, do lucro e da rentabilidade do negócio.Em relação ao café conilon, o momento alia a redução de custos operacionais com preços crescentes ao longo dos últimos anos, fatores positivos para o produtor desta variedade.

O Brasil utiliza a safra para exportação e o consumo interno, que aumenta anualmente. 

Isso significa que existe o risco do país chegar ao final desta safra com estoques reduzidos e com a expectativa de colher um menor volume devido à bienalidade negativa da safra seguinte. As exportações, segundo dados do USDA, devem aumentar no ano seguinte, ficando em 32,9 milhões de sacas. Estes fatores podem, em médio prazo, dar maior sustentação às cotações, principalmente da variedade arábica.


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