No final de março o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou os números da pesquisa trimestral do leite.
A pesquisa traz o volume de leite captado e industrializado pelos estabelecimentos com inspeção municipal, estadual e/ou federal. Os dados são referentes ao quarto trimestre de 2012.
O volume de leite adquirido pelos laticínios entre outubro e dezembro do ano passado foi de 5,8 bilhões de litros, uma queda de 1,8% em relação ao mesmo trimestre de 2011, quando foram captados 5,91 bilhões de litros.
Na comparação com 2011, a captação foi menor nos quatro últimos meses de 2012. Veja a figura 1.
A menor oferta de matéria prima deu sustentação ao mercado de leite. Os preços ao produtor estão subindo desde outubro do ano passado.
De lá para cá, o aumento foi de 8,6% e o preço atual está 5,9% maior em relação ao mesmo período de 2012.
No Nordeste, em função do clima hostil, muitos produtores foram forçados a interromperem a produção. Falta água e forragem.
Além da menor disponibilidade de leite, outros fatores colaboram com a firmeza do mercado. Entre eles: grandes laticínios estão entrando forte no mercado; crescimento da demanda por lácteos em fevereiro e março; reação dos preços dos lácteos no mercado atacadista; reação dos preços dos lácteos no mercado internacional e redução das importações em janeiro e fevereiro.
Apesar da queda no volume captado nos quatro últimos meses de 2012, a produção anual foi maior na comparação com 2011.
Em 2012 foram adquiridos 22,33 bilhões de litros de leite no Brasil, 2,5% ou 543,5 milhões de litros a mais frente ao captado em 2011.
A produção brasileira de leite (formal) cresceu, em média, 5,5% ao ano desde 2000.
A informalidade no mercado de leite vem caindo ao longo dos anos.
Em 2011 era de 32,1% e em 2012 31,4%.
A informalidade pode ser entendida como o processo no qual determinado produto lácteo, por algum motivo, não passou por inspeção de órgãos competentes e, foi comercializado.
Desde 1997, a informalidade caiu 11,3 pontos percentuais no país.
Mesmo com as mudanças ocorridas no setor de laticínios, tais como a reestruturação da cadeia, o crescimento do consumo interno, as leis e normativas que regem a produção e a qualidade do leite brasileiro não foram suficientes para eliminá-la ou reduzir a uma pequena fatia do mercado.
O problema da informalidade é a restrição do crescimento do setor.
A atividade deixa de ser exercida em sua plenitude e o empreendedor do leite clandestino fica à margem do processo, por estar fora da lei. O setor e o país perdem com a não arrecadação dos tributos e a falta de garantia dos padrões de qualidade.
A produção de leite no Brasil deve continuar crescendo. A expectativa para 2013 é de um crescimento entre 2,5% e 3,5% em relação a 2012.
Esse aumento deve ser puxado pela redução dos custos de produção, principalmente os custos com alimentação.
Porém, é bom lembrar que em algumas regiões, como é o caso do Nordeste, pode haver diminuição da oferta, em função da seca e liquidação de rebanhos.
A produção nacional deve continuar em queda em curto prazo, passado o pico de produção, que nesta temporada foi em dezembro de 2012.
A expectativa é de mercado firme e elevação do preço ao produtor. Para o pagamento deste mês, 63,0% dos laticínios pesquisados acreditam em aumento dos preços aos produtores e 32,0% acreditam em manutenção.
Colaborou Rafael Ribeiro pesquisadora Scot Consultoria.
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