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Scot Consultoria

Carta Gestor: Domando a última fronteira agrícola do Brasil


Quarta-feira, 22 de maio de 2013 - 17h48

O conceito de fronteira agrícola não é novo no Brasil, sendo representado pelo avanço da produção sobre novas áreas de terras cultiváveis. 

Nas últimas décadas, essa evolução se deu principalmente sobre o Cerrado. 

Recentemente, o rumo da produção apontou para uma região conhecida como MAPITOBA. 

O MAPITOBA é o acrônimo referente às áreas de chapada dos estados do Maranhão, Piauí, Tocantins e Bahia, de elevada aptidão agrícola e que ainda se encontram brutas, cobertas por Cerrado. 

Segundo Sparovek et. al (2010), esta é a região de maior conversão de vegetação natural em uso agrícola na atualidade. Nesta, talvez a última fronteira de expansão de lavouras do Brasil, ainda há perto de 7 a 10 milhões de hectares de chapadões de terras férteis cobertos com Cerrado.

Segundo esses autores, caso estas áreas sejam convertidas em soja, milho ou cana-de-açúcar, certamente haverá benefícios sociais e econômicos importantes, e que devem ser priorizados.

De acordo com as projeções do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), até a safra 2021/22, a área total cultivada com grãos deverá atingir 7,7 milhões de hectares na região compreendida pelos estados de Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia. 

Para a safra 2012/13, segundo o último relatório da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), esses estados serão responsáveis por 6,5 milhões de hectares plantados para a produção de grãos.

Produtividade 

Ao avaliarmos a produtividade das terras cultivadas com grãos no MAPITOBA, percebemos uma nítida evolução frente à média nacional.

Na tabela 1 temos a produtividade média de soja e milho nas últimas décadas.Diante dos resultados, fica claro o salto tecnológico da fronteira agrícola.

A produtividade do milho na região, que era 72,4% menor na década de 80, frente à média nacional, na década de 2010 (média de 2010/11, 2011/12 e 2012/13) está 38,6% abaixo da média brasileira. A diferença caiu quase à metade.

Para a soja, a evolução foi ainda maior. Além da significativa alteração do diferencial de produtividade no decorrer das últimas décadas, na década atual, a produtividade da soja no MAPITOBA está praticamente igual à observada nacionalmente, considerada altíssima, mesmo na comparação com outros importantes produtores internacionais, como os Estados Unidos. 

Apesar da média ligeiramente menor de 2010 a 2013, em seis das dez últimas safras a produção média por área no MAPITOBA superou a média brasileira.

Preços em ascensão

Um dos motivos da crescente procura das áreas de fronteira, além dos preços baixos da terra - que possibilita a aquisição de amplas áreas - é a valorização imobiliária.Esse componente é um dos pilares estratégicos dessas operações e é um dos diferenciais em médio e longo prazo, já que a apropriação deste lucro implica em liquidação do patrimônio adquirido.

Para analisarmos o mercado de terras nestas regiões, utilizamos a pesquisa regular de preços de terras da Scot Consultoria.

Em um pequeno intervalo de tempo, fica claro o potencial de ganho patrimonial destas terras. 
Para esta análise consideramos o preço médio de terras para agricultura nos estados em questão. Tabela 2.

Em um intervalo de três anos, a valorização média foi de 22,4%, ou R$818,33/ha. Isto representa, por exemplo, um ano de excelente lucro operacional com agricultura nesta região. 

Cabe destacar a variação percentual dos preços no Piauí, que foi favorecida pelos menores preços inicias do estado nessa análise.

Vale ressaltar também que estes são preços médios, ou seja, há possibilidade de variações tanto acima como abaixo da apresentada. Em razão desses números, fica evidente que o ganho patrimonial é um componente que não pode ser desprezado em regiões de fronteira. 

Considerações finais

As áreas ocupadas nesses estados têm algumas características essenciais para a agricultura moderna. São planas e extensas, solos potencialmente produtivos, disponibilidade de água e clima propício, com dias longos e elevada intensidade de sol. 

Além disso, os preços das terras nessas áreas, apesar de estarem em franca elevação, ainda são relativamente mais baixos do que os de outras regiões agrícolas do país. A limitação maior, no entanto, são as precárias condições de logística, especialmente transporte terrestre, portuário, comunicação e, em algumas áreas, ausência de serviços financeiros.

Neste sentido, estas regiões vêm sendo exploradas preferencialmente por grandes grupos, com produção em larga escala, melhor estrutura operacional e acesso ao crédito.

Colaborou Rafael Ribeiro pesquisadora Scot Consultoria.

Colaborou Alcides de Moura Torres Junior diretor da Scot Consultoria.


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