O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil do terceiro trimestre de 2013 caiu 0,5% na comparação com o trimestre anterior segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) (série com ajuste sazonal).
Foi o pior resultado na comparação entre trimestres desde o primeiro trimestre de 2009, quando o PIB caíra 1,6%.
No entanto, naquele momento estávamos em meio a uma crise mundial, mas e agora?
Segundo o IBGE, boa parte dessa retração deu-se pela sazonalidade da produção agrícola.
O PIB da agricultura, calculado dentro da porteira, que não considera os processos de comercialização, distribuição e processamento, caiu 3,5% em relação ao trimestre anterior.
Café, laranja e mandioca foram as culturas que encabeçaram as quedas.
A retração da cadeia cafeeira se deu em função dos preços internacionais deprimidos, chuvas irregulares e altas temperaturas e, por causa da bianualidade de produção. A saca de 60kg de café arábica está cotada em R$260,79 (3/12). No ano passado a cotação média em novembro era R$355,23.
A mandioca, cuja produção está concentrada no Nordeste (57,5%), sofreu com a seca, havendo frustração de safra. A produção caiu 11,5%.
A laranja vem amargando crise há anos e remunerando muito pouco o produtor, que, em função disso, está abandonando atividade. A produção nesta safra caiu 14,2%. Apesar de atribuído ao setor agrícola o desempenho ruim do PIB nesse trimestre, o setor foi o que apresentou maior crescimento de janeiro a setembro.
Comparando com o mesmo período de 2012, o crescimento foi de 8,1%. Enquanto, indústria e serviços, cresceram 1,2% e 2,2%, respectivamente. O PIB total teve um crescimento de 2,4%, no período.
O desempenho da indústria também foi fraco neste trimestre. O setor, que vinha de um crescimento de 2,2%, na comparação entre o primeiro e o segundo trimestres do ano, desacelerou bruscamente, e foi de meros 0,1%. A bronca fica por conta da elevação da taxa de juros e da taxa de câmbio.
Por fim, o setor de serviços, que em 2012 foi responsável por 59,7% de todo o valor produzido internamente no Brasil, decepcionou e cresceu também parcos 0,1% na comparação com o segundo trimestre do ano. Figura 1.
Na atual conjuntura da economia brasileira já era esperado esse resultado. Inflação, combinada com uma politica de monetária de juros em alta, traz resultados ruins para o setor, que é sustentado pelo consumo.
Em 2013 a política de juros foi altista, o inverso do que ocorreu em 2011 e 2012.
Em abril de 2013, quando a Selic era de 7,25%, a trajetória de alta da taxa foi iniciada e até o momento, foram seis elevações acumuladas, resultando numa taxa básica de juros de 10,0% ao ano. Taxa que deve se manter em dezembro, pois não estão mais previstas reuniões do Comitê de Politica Monetária (Copom). Figura 2.
A inflação acumulada dos últimos doze meses, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), está em 5,84%.
Dado que as expectativas do Banco Central (BC) para este ano eram de 4,5% (centro da meta), o índice está 1,34 ponto percentual acima do esperado, se aproximando da banda máxima de 6,5%.
Esses indicadores, juros em ascensão e inflação em crescimento, deprimem o consumo, afetando negativamente o setor de serviços.
Considerações finais
O trimestre foi nada bom. Os indicadores afundaram.
A esperança fica por conta do estímulo provocado pela realização da Copa do Mundo de Futebol no Brasil e pelas eleições que acontecerão em 2014. Normalmente esses eventos estimulam o consumo.
Apesar da injeção de ânimo motivada por esses eventos, se os indicadores não melhorarem de maneira consistente, os investimentos estrangeiros também cairão de nível, aí poderemos até esperar crescimento, mas o crescimento será orgânico.
Colaborou Augusto Maia, graduando em ciências econômicas, em treinamento na Scot Consultoria.
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