Final de ano e começo de ano é sempre assim. Uma montanha de retrospectivas relativas ao ano que terminou e uma montanha de perspectivas sobre o ano que começa.
Esse ano não foi diferente.
Em função disso dedicamos a primeira edição do ano do Informativo Boi & Companhia (para acessar clique aqui) a reportar o que aconteceu com a produção em 2013 e elaborar cenários para a produção em 2014. Por isso, nesta edição da Carta Conjuntura, o tema será o consumo dessa produção.
E como será o consumo da produção rural em 2014?
Veja só:
Leite e derivados
O consumo per capita deverá continuar aumentando, tanto pela melhoria da renda da população (demanda por produtos de maior valor agregado), como também pela diversificação de produtos. Em 2014 o incremento na demanda interna por lácteos está estimado entre 2,5% e 3,0%, em relação a 2013. Nos últimos dois anos o consumo interno cresceu em um ritmo ligeiramente acima do crescimento da produção brasileira de leite. Este fato tem dado sustentação aos preços do leite e derivados no mercado interno e tem refletido diretamente sobre as importações de lácteos.
Milho
Estima-se que o aumento da demanda interna será de 2,0% em 2014, em relação a 2013, totalizando aproximadamente 54,0 milhões de toneladas. Os setores de aves e suínos estimularão o incremento do consumo. Lembrando que a produção brasileira na temporada 2013/2014 deverá ser menor frente à 2012/2013, devido à redução da área plantada na primeira safra e a possibilidade de redução da área na segunda safra. De qualquer maneira, a disponibilidade interna está grande. Foram 9,2 milhões de toneladas de milho grão em estoque de passagem de 2013 para 2014.
Farelo de soja
Os crescimentos previstos para a avicultura e suinocultura deverão puxar a demanda brasileira por farelo de soja.
O consumo interno deverá crescer entre 4,0% e 4,5% em 2014, frente a 2013. O consumo está estimado entre 14,0 e 14,5 milhões de toneladas. A preocupação maior é com relação ao forte crescimento das exportações, que tem reduzido a disponibilidade interna e pressionado as cotações do insumo para cima.
Carne bovina
Prevendo a diminuição da oferta de boiadas terminadas, principalmente de fêmeas, espera-se redução na quantidade de bovinos abatidos em 2014. A diminuição da produção de carne, associada ao aumento esperado para as exportações, gerará diminuição da disponibilidade interna. Estimamos que o consumo cairá de 47,0kg em 2013 para 43,8kg em 2014, redução de 6,9%. Com menos carne disponível e uma demanda provavelmente boa, devido à Copa do Mundo e eleições, os preços devem trabalhar em alta em 2014.
Vale destacar que estes consumos são em quilos equivalente carcaça. Transformando para quilos de carne sem osso, teríamos algo em torno de 36,2kg em 2013 e 33,7kg estimados para 2014.
Aqui uma curiosidade: considerando um consumo per capita de 35kg/ano, os 600 mil turistas esperados pela Embratur devem consumir algo ao redor de 6,4 mil bois de 18@ em 30 dias de Copa do Mundo.
Carne suína
A boa disponibilidade de milho e farelo de soja deverá contribuir para redução nos custos e consequente aumento na produção de carne suína. Apesar disso, a expectativa de crescimento das exportações acima de 15,0% em 2014, puxadas pelo Japão, Ucrânia e Rússia, deverá resultar em menos carne no mercado interno.
Com isso, estimamos que o consumo per capita fique em 14,3kg, contra 14,6kg em 2013, redução de 2,1%. A copa do Mundo e as eleições provavelmente irão favorecer a demanda em um ano de menor oferta. Sendo assim, os preços devem trabalhar em alta.
Carne de frango
A produção de carne de frango é outra que também deve aumentar em 2014, favorecida pela redução nos custos produção. Além disso, os preços do quilo do frango em recuperação no segundo semestre de 2013 animaram os avicultores a investir na atividade.
Diante disso, e de uma exportação que deve ser semelhante a do ano anterior, o consumo per capita de carne de frango está estimado em 43,9kg em 2014, um crescimento de 4,55%.
Final
As perspectivas de consumo, interno e externo, são positivas.
Se o clima não der chabu e a economia não derrapar na curva, será um bom ano para a agricultura, cuja produção terá escoamento garantido e será bom para o consumidor que terá alimento abundante e de qualidade na mesa. Que bom!
Colaborou: Lima, R.; Maia, A.; D Athayde, H.; Silva, A.
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