Carta Boi - Expectativas para o mercado do boi gordo

Estamos em setembro e o mercado do boi gordo está e esteve firme ao longo do ano. A pressão de baixa, com a oferta de bovinos no final da safra do capim, assim como a oferta precoce de bovinos oriundos de confinamento em julho, não chegou a derrubar o mercado.

Entre o preço médio de janeiro e as cotações no início de setembro, a cotação da arroba do boi gordo subiu 11,8% em São Paulo. 

O preço médio em janeiro foi de R$115,11/@, a prazo, e nos primeiros dias de setembro atingiu valores recordes, de R$129,50/@, nas mesmas condições. 

A figura 1 mostra a evolução dos preços médios desde janeiro de 2013. 

Em todos os meses deste ano as cotações foram maiores que no mesmo intervalo de 2013. 

A última vez que o mercado caiu nas comparações anuais foi em fevereiro de 2013, com patamar 0,1% menor que o de janeiro de 2012.

A figura 2 mostra estas variações. 

A maior diferença ocorreu em março. Isto se deve ao fato de que em 2014 o mercado subiu em plena safra, o que não ocorrera em 2013, gerando a diferença observada. 

A seca que afetou regiões do Brasil Central diminuiu a oferta de rebanhos terminados e provocou a antecipação do confinamento. 

Com isto, o primeiro ciclo de boiadas de confinamento chegou cedo ao mercado, frente ao normalmente observado. 

VARIAÇÕES HISTÓRICAS

Fizemos uma retrospectiva das variações de preços do boi gordo em São Paulo entre agosto e os meses seguintes. Foram analisadas as variações de 2003 a 2013. Veja a figura 3.

Para setembro, por exemplo, a menor variação, na comparação com agosto, foi um recuo de 4,4%. A média foi de alta de 0,9% e a maior foi uma alta de 6,4%.

Embora as variações médias sejam positivas, a frequência de quedas não foi pequena. Em onze anos, houve desvalorizações em cinco, considerando agosto/outubro e agosto/dezembro. 

Para a comparação agosto/setembro, houve desvalorizações em seis dos onze anos. Na comparação de agosto com novembro, o preço estava maior em novembro em oito dos anos. 

Em 2012 e 2013 os preços de setembro a dezembro foram maiores que em agosto. 

EXPECTATIVA

Este ano tem sido marcado pelo encurtamento da margem de comercialização do varejo, o que demonstra que o repasse das altas tem ocorrido em menor proporção para o consumidor. 

Esta dificuldade advém do cenário econômico. O Indicador Serasa Experian de Inadimplência do Consumidor subiu 11,0% entre julho de 2013 e julho deste ano. O índice específico de inadimplência junto a bancos, cartões e empresas subiu 26,0% no período.

O varejo tem sentido isto na pele. 

As exportações, por outro lado, deverão ser beneficiadas pelo atrito entre a Rússia e a Europa - Estados Unidos, fornecedores tradicionais dos russos. O Brasil poderá substituí-los na função de fornecedores de alimentos, entre eles a carne bovina.

Para os próximos meses, a expectativa é de que a oferta de boiadas seja restrita, com melhoras pontuais devido à oferta de bovinos de confinamento em regiões específicas. 

O mercado do boi gordo deverá ser de firmeza, mas o desempenho no varejo precisa ser monitorado.