Há poucas semanas, na Scot Consultoria, o nosso colega, o médico veterinário Hyberville DAthayde Neto, defendeu a sua tese de mestrado, na Faculdade de Economia Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto-SP, FEA-USP.
A sua dissertação tratou dos fatores determinantes da utilização de ferramentas de gestão de risco de preços do boi gordo por confinadores. Foram dois anos de pesquisa e dedicação. Com esse estudo o Hyberville obteve o título de mestre em ciências.
E por que, qual a razão desse estudo?
O confinamento de bovinos, por sua natureza, limita o tempo de negociação e estimula a necessidade de garantir preço.
Essa garantia ou seguro de preço (hedge) pode ser feita na BM&F-Bovespa, através de contratos futuros e de opções ou diretamente com os compradores, os frigoríficos, por meio do contrato a termo.
O objetivo do estudo foi identificar fatores determinantes para o uso dessas ferramentas (contrato futuro, opção e termo), por confinadores.
O estudo revelou que o tamanho do confinamento, a escolaridade do gestor, o controle acurado dos custos, o confinamento exclusivo, a utilização de hedge para grãos, uso anterior dessas ferramentas e a parceria com frigoríficos tem relação com a utilização de uma ou mais formas de gestão de preços do boi gordo.
Tamanho do confinamento
O tamanho do confinamento foi determinante para o uso de ferramentas de gestão de risco de preços do boi gordo. Os maiores usaram mais que os menores.
Idade média dos pecuaristas
Não foram observadas diferenças significativas entre as idades médias do grupo que utilizou e do que não utilizou seguro de preço (hedge) para a venda de bovinos. Tanto faz se o pecuarista é um jovem pecuarista ou veterano.
Escolaridade do gestor
O uso do contrato de opções foi significativamente maior no grupo de gestores com pós-graduação do que no grupo sem pós-graduação.
Uso anterior dessas ferramentas
O conhecimento pregresso de ferramentas de gestão foi determinante para o uso de seguro de preço (hedge). Saber como usar e a experiência de ter usado pesou positivamente.
Participar de associações e ou sindicatos
Participar de associações e ou sindicantes não foi determinante para que confinadores aderissem ao uso de seguro de preços.
Assessoria técnica ou consultoria
Ter assessoria técnica ou consultoria técnica não influiu na frequência do uso de seguro de preço (hedge), mas foi determinante para o uso do contrato de opções.
Confinar mais de uma rodada
O estudo não identificou relação significativa entre a realização de mais de uma rodada de confinamento e o uso de mecanismos de gestão de risco de preços do boi gordo.
Controle de custos
Aqui deu diferença. Foram observadas frequências para o uso de hedge significativamente diferentes para confinadores que trabalhavam com alto nível de controle dos custos de produção, em relação aos que não o faziam. O elevado nível de gestão foi determinante para o uso do mercado de opções.
Confinamento como atividade exclusiva
O confinamento exclusivo foi determinante para o uso de todas as ferramentas de gestão de risco. Foi verificada frequência significativamente distinta para os confinadores que trabalhavam ou não com confinamento exclusivo.
A utilização de hedge para grãos
O hedge para grãos foi determinante para a utilização de opções para o ano anterior e para a expectativa de uso de hedge em geral e de contratos de opções.
A venda de boiadas para frigoríficos diferentes
As transações comerciais com mais de um frigorífico não foram relacionadas a frequências distintas para o uso de seguro de preço (hedge).
Parceria
Houve frequências estatisticamente distintas quando foi relacionada ao uso de hedge (geral), contratos futuros e mercado a termo.
Há poucos estudos relacionados às características do uso de hedge por confinadores, e mais precisariam ser feitos. O estudo aqui resumido traduz, dentro do possível, o que é verdade e o que é mito na gestão de risco de preço em confinamento.
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