Entre maio de 2014 e maio deste ano, o preço da arroba do boi gordo em São Paulo subiu 21,7%, enquanto as cotações do boi magro e do bezerro subiram 31,6% e 34,7%.
O recriador e o invernista perderam poder de compra, quanto à reposição.
Quando consideramos outros insumos, como alimentos concentrados, por exemplo, o cenário está favorável ao produtor.
Em relação a maio do ano passado, o poder de compra da arroba subiu 44,4% para o milho em grãos e 29,3% para o farelo de soja. Veja a figura 1.
A oferta curta de bovinos é o principal fator altista para o boi gordo e categorias de reposição.
Demanda
O consumo interno e a exportação de carne bovina, com seus respectivos pesos, têm sido o limitante do mercado do boi gordo este ano.
Segundo projeções do Fundo Monetário Internacional (FMI), a economia brasileira só terá desempenho melhor que nove, dentre 188 economias analisadas.
O fundo projeta redução de 1% para a economia brasileira, o que não difere das expectativas internas. O Relatório Focus do Banco Central aponta para redução de 1,3% para o Produto Interno Bruto (PIB) em 2015.
Vale destacar que entre as nove economias em situação pior que a brasileira estão a Venezuela e a Rússia, que juntas compraram 30,9% da carne bovina embarcada pelo Brasil em 2014 (MDIC).
A figura 2 mostra o desempenho das exportações de carne bovina in natura nos primeiros cinco meses deste ano.
Houve queda de 19,9% em volume e de 25,1% em faturamento, frente ao mesmo período de 2014.
Mercado interno
No mercado interno a situação não está positiva.
Enquanto o boi gordo subiu 21,7% nos últimos doze meses, os Equivalentes Scot Carcaça e Scot Desossa tiveram altas de 19,7% e 18,5%, respectivamente.
Estes indicadores aferem a margem do frigorífico com a venda de todos os produtos do abate no mercado interno, sem e com desossa.
Como a receita subiu menos, a margem da indústria encurtou, o que retrata a dificuldade de repasse dos preços ao produto final.
Um gráfico que ilustra o encurtamento das margens ao longo da cadeia é a relação de troca entre a arroba e a carne bovina. Veja a figura 3.
Em maio, com o preço de uma arroba foi possível comprar 3,71kg de picanha no varejo, frente a 3,38kg no mesmo mês de 2014. É o maior valor da série.
Isto ocorre porque os preços do boi subiram mais que a carne no atacado e no varejo.
Alguns cortes de menor valor agregado tiveram altas maiores que o boi, como o acém, mas o cenário é de encurtamento.
Ou seja, há estreitamento de margens, principalmente para os cortes de maior valor agregado, cuja demanda é mais afetada pela renda (elasticidade-renda da demanda maiores).
Este ganho de poder de compra para o pecuarista que pretende fazer churrasco traz um sentimento de cautela, pois demonstra o estreitamento das margens, o que poderá limitar valorizações da arroba.
Expectativas
O cenário econômico inspira atenção.
A oferta de boiadas está curta, o que vem mantendo o mercado relativamente firme, ou com recuos modestos, frente à demanda fraca.
Com isto, aumentos pontuais de oferta podem pressionar as cotações em curto prazo.
De toda forma, espera-se um mercado firme ao longo do ano, com pressão de baixa em períodos específicos.
Além de aproveitar a relação troca para o churrasco, já passa da hora de planejar as vendas do segundo semestre e avaliar mecanismos de proteção de preços.
Momentos de preços positivos são oportunidades para ajustar a produção e as contas para épocas de preços ruins.
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