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Scot Consultoria

Carta Conjuntura - O porquê do preço da carne bovina para o consumidor final


Quarta-feira, 29 de julho de 2015 - 10h30

Para saber a relação entre os preços da carne bovina e os preços do boi gordo e as relações de oferta e procura, a Scot Consultoria calcula diariamente indicadores. São eles:

- Equivalente Físico: considera a margem com a venda de uma arroba de carne bovina com osso (boi casado) pelo frigorífico;

- Equivalente Scot: é o Equivalente Físico somado à venda do couro e do sebo;

- Equivalente Scot Carcaça: é a venda da carne com osso somada à venda do couro, do sebo, dos  miúdos, e dos subprodutos ou derivados;

- Equivalente Scot Desossa: é a venda da carne sem osso somada à venda do couro, do sebo, dos miúdos e, dos subprodutos ou derivados.

Trabalhando no "vermelho"

A margem de comercialização entre os equivalentes calculados pela Scot Consultoria e a arroba do boi gordo não representa lucro, mas é um bom indicador de mercado.

Desde o início do ano as margens da indústria frigorífica vêm oscilando abaixo dos níveis históricos.

As figuras 1 e 2 mostram a margem mensal média do Equivalente Scot Carcaça e do Equivalente Scot Desossa, em relação ao preço pago pela arroba, desde 2008.

A indústria frigorífica vem trabalhando desde o início do ano com margens abaixo dos níveis históricos.

Em ambos os casos, tanto quando considerada a comercialização de carne com osso, quanto da venda de carne sem osso, as margens este ano só ultrapassaram a média histórica em julho.

Isso explica, em parte, o alto índice de paralisação e as férias coletivas nos frigoríficos nos últimos meses.

Além da ociosidade industrial ocasionada pela baixa oferta de boiadas prontas para o abate, o fechamento de diversas indústrias foi uma forma de redirecionamento da oferta vigente para um número reduzido de unidades.

A redução da margem ocasionada pela alta diferença entre o preço pago pela arroba e o preço recebido com a venda da carne e outros produtos estimulou este cenário.

Essas margens, é claro, não foram reduzidas somente em função da arroba do boi gordo, caíram também em função do preço da energia elétrica, do aumento dos juros e por aí vai. Mas uma ação efetiva de redução de custos só é possível através da redução do preço pago pela matéria prima, o boi gordo.

Recuperação das margens

A pressão de baixa no mercado do boi gordo já não está tão intensa como há um mês, quando os compradores reduziram, simultaneamente, o valor da oferta de compra e as margens melhoraram.

Do início de junho até 22 de julho, a cotação da arroba em Barretos-SP passou de R$148,00 para R$142,00, a prazo, redução de 4,1%.

No mesmo período houve valorização da carne bovina. O quilo do boi casado de animais castrados passou de R$8,80 para R$9,20, alta de 4,5%.

Este quadro foi possível com a adequação da atividade da indústria, que vem abatendo menos bovinos, em um menor número de plantas.

Os dados de abates referentes ao primeiro trimestre deste ano, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), confirmam essa condição.

No primeiro trimestre, o abate de bovinos caiu 7,7% em relação ao mesmo período do ano passado.

Com menos carne disponível no mercado, houve condição de sustentação dos preços.

Mas o mercado está ajustado?

A valorização da carne bovina desde o ano passado foi sentida pelo consumidor, que está conservador nas compras.

Nos últimos doze meses, a carne bovina subiu em média, 26,1% no atacado. No varejo, a valorização foi de 14,1%.

Enquanto isso, o quilo do frango no atacado subiu 10,6% e 11,2% no varejo, abaixo da valorização da carne bovina em ambos os elos da cadeia.

A carne de frango ficou mais competitiva em relação à carne bovina. Veja na figura 3 a relação entre o preço do quilo do acém bovino e do frango, ambos no varejo.

Nos últimos meses aumentou a relação de troca entre essas duas proteínas. O frango está mais competitivo.

A crise econômica que o país atravessa e o pessimismo em função da crise política repercute diretamente no consumo.

É possível que o mercado encontre um ajuste entre preços do boi gordo, carne bovina, estoques e demanda, mas de qualquer maneira, para ter carne bovina na mesa em curto e médio prazo, o consumidor continuará pagando mais.


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