Em 2015, de janeiro a agosto, foi a primeira vez, desde 2013, que os custos de produção variaram acima do preço da arroba do boi gordo.
Nas últimas vezes em que o custo subiu mais que a cotação da arroba do boi gordo, em 2011 e 2012, foram anos de baixa do ciclo de preços pecuários, cenário oposto ao que vivemos em 2015.
É o cenário de crise econômica interferindo no setor.
No mercado de bezerros, por exemplo, mais distante do consumidor e, portanto, com menos impacto imediato do consumo, a oferta curta mantém os preços em alta e a cotação da categoria variou acima do custo entre janeiro e agosto, assim como ocorreu em 2013 e 2014.
Já no mercado do boi gordo, a dificuldade para repassar as altas e escoar a carne estreitou a margem das indústrias e levou a um cenário de forte pressão de baixa por parte dos frigoríficos sobre os preços da arroba.
Isso fez as cotações caírem a partir do segundo trimestre.
Para os custos, é direta a correlação com o momento econômico pela qual atravessa o país.
A começar pelos combustíveis que depois de anos de preços contidos, explodiram este ano. A trajetória de alta que deveria ter sido diluída ao longo dos anos anteriores foi repassada de uma vez ao consumidor em 2015.
Por fim, a fuga de investidores e consequentemente de dólares fez a cotação da moeda americana atingir patamares elevados e os insumos que tem a formação de preços "dolarizada" acabaram subindo de preço.
Alguns fertilizantes subiram mais de 20,0% em oito meses. O fosfato bicálcico, matéria prima para produção de suplemento mineral, também atrelado ao dólar ficou, pelo menos, 40,0% mais caro.
Por fim, considerando que há previsões que indicam que o dolar pode atingir os R$4,00, mais altas devem vir por aí.
A expectativa fica por conta de que as projeções de redução no consumo de carne bovina, estejam superestimadas, fato pouco provável, reduzindo as limitações para a alta da arroba.
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