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Carta Conjuntura - As vacas e o PIB


Quarta-feira, 23 de setembro de 2015 - 14h48

No primeiro semestre de 2015 foram abatidos no Brasil, 15,36 milhões de bovinos, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Este número contempla animais abatidos sob algum tipo de inspeção (municipal, estadual ou federal) e representa uma diminuição de 9,0% frente ao mesmo período de 2014.

Nos últimos três anos (2012 a 2014), os abates nos primeiros semestres foram maiores que nos mesmos intervalos dos anos anteriores. Veja a figura 1.

A retração dos abates, associada aos preços em alta do boi gordo e ao incremento de outros custos, como eletricidade, mão de obra e combustíveis, motivou o fechamento de plantas frigoríficas.

Entre julho de 2014 e julho de 2015 os frigoríficos demitiram 11,34 mil pessoas, segundo o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).

A participação de fêmeas nos abates

 Segundo o IBGE, no primeiro semestre foram mandadas para o gancho 6,6 milhões de fêmeas, queda de 14,3%, na comparação com o mesmo intervalo de 2014. No mesmo intervalo o abate de machos caiu 4,6%.

A oferta está menor devido ao vigoroso abate de fêmeas nos últimos anos.

A produção de bezerros diminuiu em função desse abate extraordinário de matrizes, o que afetou o mercado do boi gordo e reposição, cujos preços vêm em alta desde 2013.

Quando as cotações da arroba do boi e dos bovinos para reposição dessas boiadas vivem um período de depressão, de queda de preço, é preciso completar a renda com a venda de vacas. A necessidade de fechar as contas estimula a entrega de vacas e novilhas para abate, colaborando ainda mais com a produção de carne e a pressão negativa sobre o mercado.

Atualmente, o patamar das cotações do bezerro estimula a cria e a retenção de fêmeas. Com a oferta machos já curta e a supressão da oferta de vacas mantidas em reprodução o mercado fica enxuto e os preços firmes.

Esta oscilação entre períodos de maior e menor oferta, devido ao abate de matrizes, é o que caracteriza o ciclo de preços pecuários.

Considerações finais

O cenário vigente é de alta no ciclo de preços pecuários, com retenção de fêmeas e oferta curta de boiadas.

A grande questão para este ano é a demanda por carne bovina. O cenário econômico do país tem sido revisado negativamente a cada nova projeção, índice ou estimativa publicada.

Em 2009, a "marolinha" econômica gerou desvalorização real do boi gordo de 7,3%, frente a 2008, mesmo com queda de 9,9% nos abates.

Naquele ano a economia teve peso forte sobre a demanda e afetou o mercado, mesmo sem excesso de oferta. O que subsidia esta visão foi a alta forte ocorrida em 2010, quando a economia se recuperou.

Ou seja, embora a oferta limitada seja um fator positivo, a situação econômica pode e deve limitar valorizações fortes. Mas pelo que temos visto ao longo do ano, a oferta tem sido curta o suficiente para firmar as cotações.


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