Os preços do milho subiram a partir do segundo semestre de 2015 no mercado interno, puxados principalmente pelas exportações aquecidas.
Esta valorização aumentou a intenção de plantio na segunda safra (2015/2016), mesmo com uma janela de semeadura menor e do aumento dos custos de produção.
Em seu último relatório, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estimou em 9,62 milhões de hectares a área cultivada na segunda safra, frente aos 9,55 milhões de hectares semeados em 2014/2015. O plantio está em andamento nas principais regiões produtoras.
A alta de preços aumentou também a comercialização antecipada do cereal.
Por exemplo, em Mato Grosso, maior produtor de milho de segunda safra, até julho do ano passado, 5,3% da produção de milho do estado havia sido negociado para entrega futura.
Em outubro do ano passado, a comercialização avançou para 44,8% e, em meados de fevereiro deste ano, estava em 56,7% do milho mato-grossense vendido antecipadamente.
Para uma comparação, neste mesmo período da safra passada, 33,3% do milho do estado estava vendido, para entrega futura.
Preços e resultados econômicos
O Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) estimou o custo de produção (custo operacional) em R$2.632,91 por hectare (alta tecnologia) em Rondonópolis-MT na temporada 2015/2016.
A produtividade média no estado está estimada em 95,51 sacas por hectare, 10,6% menos que na temporada passada, já refletindo as questões climáticas adversas no estado neste ciclo.
A seguir, uma simulação considerando estes parâmetros médios e diferentes períodos de venda do milho: julho/15, outubro/15 e fevereiro/16.
Para quem fechou negócio em fevereiro deste ano, com a saca cotada em R$31,00 em Rondonópolis-MT, o lucro médio por hectare está estimado em R$327,90. Já o produtor que vendeu em julho e outubro de 2015 deve amargar prejuízo nesta temporada, levando em conta os preços médios de R$17,27 e R$21,50 por saca, respectivamente. Veja a tabela 1.
No exemplo em questão, o produtor começa a ter lucro com um preço de venda a partir de R$25,67 por saca de 60 quilos.
No Paraná, considerando um custo médio de R$2.728,48 por hectare de milho (segunda safra) e uma produtividade média de 97,07 sacas por hectare (Deral) o ponto de equilíbrio está em R$28,10 por saca de 60 quilos.
Por fim, esta análise é importante para quem ainda não negociou a produção, visto que para os próximos meses a expectativa é de mercado mais frouxo e possibilidade de quedas de preços do milho no mercado interno.
O avanço da colheita da safra de verão, o recuo das exportações brasileiras e a melhora do cenário de oferta de milho na segunda safra são fatores que devem diminuir a pressão de alta sobre os preços no mercado interno em curto e médio prazos.
Receba nossos relatórios diários e gratuitos