O primeiro semestre de 2016 foi marcado por alta no mercado do boi gordo. Por outro lado, o aumento, embora sutil, da disponibilidade de animais resultou em menores preços no mercado de reposição.
Mercado do boi gordo
Desde o início do ano, considerando a média de todas as praças pesquisadas pela Scot Consultoria, a alta foi de 0,4% para o preço do boi gordo.
Destaque para as praças de São Paulo, Mato Grosso do Sul e Mato Grosso que no período apresentaram alta de 4,9%, 3,1% e 3,0% respectivamente.
A baixa disponibilidade de animais terminados, com a consequente dificuldade de alongamento das escalas de abate dos frigoríficos, vem sendo o principal fator que colabora para as altas. Isto é resultado da elevada participação de fêmeas nos abates de 2011 a 2013.
Por outro lado, a atual situação econômica do país vem sendo um fator limitante para as valorizações. O escoamento da carne bovina está lento.
Desde o início do ano o preço do boi casado de animais castrados caiu 13,5%.
No atacado, na média de todos os estados pesquisados, a queda foi de 9,7%. Das 28 semanas pesquisadas até junho, apenas em sete ocorreram valorizações.
Com a alta da arroba do boi gordo e a queda no preço da carne, a margem de comercialização dos frigoríficos trabalhou a maior parte do tempo do primeiro semestre em níveis abaixo da média histórica.
Os atuais 12,3%, das indústrias que fazem a desossa, são 8,0 pontos percentuais abaixo da média histórica que gira em torno de 20,5%. Para a indústria que vende a carne com osso a situação é ainda pior, os 2,9% são 12,0 pontos percentuais menores que a média.
Mercado de reposição
Diferente do que vem acontecendo no mercado do boi gordo, a maior disponibilidade de animais vem sendo o principal fator para as quedas durante do primeiro semestre do ano. Não há excesso de oferta, mas um ligeiro incremento na disponibilidade, associado às incertezas para a demanda, que afetam o boi gordo, geraram as desvalorizações para a reposição.
Junto a isso, a resistência dos compradores aos patamares de preços, historicamente desfavorável, resultou em lentidão no mercado.
Desde o início do ano, na média de todas as categorias de machos anelorados e estados pesquisados pela Scot Consultoria, a queda foi de 2,3%. O boi magro (12@) teve desvalorização de 1,1% e o bezerro desmamado (6@) de 2,9%.
A maior procura pelas categorias mais eradas foi o principal fator que colaborou para que os preços ficassem mais firmes em relação às categorias mais jovens.
Assim, com a queda nos preços da reposição e as cotações firmes no mercado do boi gordo houve melhora no poder de compra do recriador e invernista na maioria dos estados pesquisados.
Em São Paulo, em junho eram necessárias 8,0 e 12,7 arrobas de boi gordo para a compra de um bezerro desmamado e um boi magro, respectivamente. Valores 11,9% e 5,0% menores em relação o observado no início do ano.
Considerações finais
A baixa oferta de animais terminados deve continuar sendo um fator de sustentação para as cotações no segundo semestre.
Os elevados preços dos principais componentes da ração, soja e milho, e as cotações historicamente desfavoráveis da reposição são fatores que influenciam negativamente na decisão pelo confinamento.
Assim, o número de animais confinados no primeiro giro do confinamento deve ser menor, frente ao mesmo período de 2015. Já para o segundo giro, a expectativa é de que o volume de animais aumente, mas ainda aquém do mesmo período do ano passado.
O mercado de reposição deve continuar com preços frouxos também para o próximo semestre. Entretanto, ainda sem grandes desvalorizações, já que a oferta de animais, apesar de melhor, ainda está restrita.
As maiores desvalorizações são esperadas para 2017, já em decorrência de uma oferta crescente de boiadas.
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