Retorno sobre o investimento pode chegar a quase 2,0% ao mês para o produtor que compra o boi magro para confinar
A pressão de baixa no mercado do milho perdeu força. O melhor momento para comprar passou quando a saca esteve em R$40,00 em São Paulo. A redução da produtividade da safrinha, que está sendo colhida, fez com que a cotação subisse. Figura 1.
A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) divulgou no final da primeira quinzena de julho o relatório de oferta e demanda de grãos. A estimativa de produção de milho é de 43,05 milhões de toneladas, redução de 13,9% frente ao relatório anterior. Os estoques finais em 2015/2016 devem ficar em 4,47 milhões, o menor desde 2011/2012.
Essa mudança no cenário de oferta fez cair por terra as últimas esperanças do confinador de que teria alivio no custo da dieta.
E quem ainda pretende confinar ou suplementar em pasto, pensa em usar o milho no arraçoamento e ainda não o comprou, é melhor correr. Veja na figura 1 como estão os contratos para agosto e setembro no mercado futuro.
E, antes de “fugir do confinamento” assustados com o custo da dieta, saibam que, mesmo com a cotação firme em alta, o mercado do boi magro tem ajudado, e muito, o pecuarista que pretende fechar boi no cocho para a segunda rodada.
Para ver isso, simulamos o que o pecuarista exclusivo, aquele que compra o boi ao redor de 12 arrobas no mercado, visualizou de lucro para o confinamento desde abril, mês que antecedeu o pico de preços do milho, que ocorreu em maio (figura 1). A simulação foi feita da seguinte forma: Para janeiro, por exemplo, projetamos o que o confinador enxergava de resultado se comprasse o boi magro no preço médio daquele mês, confinasse em fevereiro e, noventa dias depois, em abril, vendesse esse bovino no preço do mercado futuro de abril, precificado no último dia de janeiro. A dinâmica foi repetida para os meses seguintes da operação e está representada na tabela 2.
Para a diária (custo operacionais + dieta), em todos os meses usamos o valor máximo coletado em 2016 em São Paulo, R$9,00/ cabeça/dia, na época em que o milho atingia os maiores preços do ano. Com isso, vê-se que, mesmo que a diária continue elevada, é possível auferir resultado positivo no confinamento nos próximos meses.
É bom lembrar que se tratam de simulações, com preços de insumos e bovinos de reposição levantados pela Scot Consultoria, mas cada operação possui um custo próprio. A intenção é mostrar a dinâmica de resultados.
Diante dessa simulação, vale a pena fazer a conta, apurar o custo e o resultado da fazenda, e comparar com o custo de oportunidade de outros investimentos. A renda fixa é um deles e nos dá um bom parâmetro para comparar retornos de atividade. Os produtos oferecidos pelas instituições financeiras dificilmente entregam resultado superior a 1,0% ao mês. Para quem tem estrutura na fazenda para o confinamento, vale a pena avaliar a opção de fechar as boiadas.
Mas, o mais importante é somente decidir pelo confinamento se utilizar ferramentas de trava de preços. O risco de mercado em 2016 está grande, a começar pela margem das indústrias, ineditamente baixas. Isso, certamente, reduzirá o espaço de alta para a arroba e pode até imprimir preços abaixo dos projetados no futuro.
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