Começaremos esta edição da Carta Boi com a última frase da edição anterior:
“Em resumo, nos próximos meses espera-se alguma melhoria na demanda, possivelmente gerando alívio à margem e maior busca por boiadas.”
Desde então, a margem de comercialização do frigorífico que vende carcaças passou de 5,7% para 14,3%, aumento de 8,6 pontos percentuais.
O ritmo lento dos abates observados nos últimos meses, associado à melhoria do escoamento, ainda que modesto, fez com que os estoques de carne diminuíssem. Com isto, houve valorização da carne e melhoria da margem de comercialização da indústria.
Situação atual
A Scot Consultoria acompanha a margem da indústria por meio dos Equivalentes Scot Carcaça e Scot Desossa, para frigoríficos que vendem carcaças e carne desossada, respectivamente. Eles contemplam a receita com a venda de todos os produtos do abate, além da carne.
Pela relação entre os indicadores, que aferem a receita, e o preço pago pelo boi gordo, temos um indicativo da situação do frigorífico, no que diz respeito à possibilidade de pagar mais pela arroba.
Atualmente temos margens de comercialização de 14,3% e 16,9%, respectivamente, para os frigoríficos que vendem carcaças e carne desossada. A figura 1 mostra a evolução das margens, assim como as médias em 2016 e desde o início do acompanhamento do indicador, em 2007.
Embora ainda esteja em patamar abaixo da média histórica, observamos a melhor situação para este indicador desde o final de março. Isto colabora com a capacidade de pagamento dos frigoríficos.
Para as indústrias que desossam, temos cenário semelhante, com margem atual melhor que a média deste ano, mas aquém da média desde o início de 2007.
Expectativas
A melhoria das margens gera expectativas positivas para a precificação do boi gordo no curto prazo, somado à oferta, que deve se manter limitada.
Cabe a ressalva de que a situação de consumo estimada para os próximos meses não é das mais otimistas. O escoamento tende a aumentar, devido à sazonalidade, mas moderadamente devido ao contexto econômico.
No caso dos frigoríficos, embora a situação tenha melhorado, estes vêm de meses trabalhando em situação historicamente ruim, o que afetou a situação financeira. Com isto, deve continuar havendo resistência quanto a preços maiores para o boi gordo.
De toda forma, frente ao observado há um mês, o cenário melhorou do ponto de vista de quem tem gado para vender.
Aqui, mais uma vez, ressaltamos ao pecuarista que garanta o resultado sempre que possível. O ano não é para apostas.
Relação de troca com o farelo de trigo melhora ao pecuarista
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