Ao analisarmos a atividade pecuária de corte agrupada em ciclos de dois anos, através do preço do boi gordo, bezerro, Índice Scot de Custo de Produção e inflação, a atividade de recria (com produtividade estável) esteve diante de um resultado bem mais apertado no ciclo de 2014/16, se comparado ao anterior.
Isto, pois, além de ter entrado no último ciclo com uma reposição mais cara, os custos de produção subiram bem mais que o preço de venda.
Na figura 1 apresentamos a evolução dos quatro indicadores citados.
Nota-se que mesmo com o cenário menos favorável desde 2014, no acumulado desde outubro de 2012 os preços do boi e do bezerro ainda tiveram maior alta frente aos custos e inflação.
Em outras palavras, apesar da pressão sobre os resultados no último giro, o saldo dos últimos quatro anos ainda foi positivo, em termos de mercado.
Análise comparativa
Na tabela 1 estão os indicadores citados para cada ciclo. Apresentamos as informações em outubro de 2012, 2014 e 2016, que coincidem com o início e fim dos últimos dois períodos de dois anos, segundo o critério utilizado.
Diante do cálculo das porcentagens, fica evidente que os preços do boi gordo e bezerro foram beneficiados no ciclo de 2012 a 2014. Pensando no resultado do recriador, o bezerro que foi adquirido em 2012 tinha uma arroba 4,7% mais alta que a do boi gordo à época, o que é historicamente bastante favorável, sobretudo se analisarmos o passado recente (últimos cinco anos, por exemplo).
Já no ciclo 2014-16, as maiores valorizações foram verificadas para o Índice de Custo e IGP-DI. Além disso, em 2014, o bezerro foi adquirido a uma arroba 19,7% mais alta que a do boi gordo. A maior alta para o bezerro no ciclo anterior promoveu o aumento da participação deste item no custo total.
Expectativas e considerações finais
Em 2016 o bezerro já demonstrou perda de sustentação, com significativa correção do poder de compra do recriador.
Contudo, conforme o boi gordo também encontra dificuldades para superar a inflação e é pressionado sobretudo pelo índice de custo da atividade, têm-se um cenário de pressão contínua sobre as margens, principalmente para o pecuarista que não trabalha em sistemas com ganhos contínuos de produtividade.
Por fim, os números apresentados são uma rápida avaliação da conjuntura econômica da pecuária de corte nos dois últimos ciclos de dois anos, sob a ótica de mercado, que devem ser contrapostos à realidade de cada fazenda e de seu sistema produtivo.
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