O ano de 2016 foi marcado pela alta no preço do leite ao produtor. Até novembro, dados disponíveis até o fechamento desta edição, os valores reais ficaram acima da média registrada em igual período do ano passado.
A menor produção, em especial no primeiro semestre, deu sustentação às cotações, mesmo em um cenário de demanda interna patinando.
Já o segundo semestre foi marcado pela pressão de baixa exercida pelos laticínios, devido às quedas fortes de preços dos lácteos no atacado, além da importação em alta entre outros fatores.
Segundo levantamento da Scot Consultoria, considerando a média nacional de janeiro a novembro, o produtor recebeu R$1,098 por litro, 5,7% mais que em igual período de 2015, considerando os valores corrigidos pelo IGP-DI.
No primeiro semestre o volume de leite adquirido pelos laticínios com algum tipo de inspeção foi de 11,03 bilhões de litros, segundo Pesquisa Trimestral do Leite, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), queda de 6,4% em relação a igual período do ano passado.
Na comparação mês a mês com o ano passado, a produção caiu em todos os meses (figura 2), resultado da queda de investimento e em função do corte de despesas por causa da elevação dos custos de produção e, problemas climáticos em importantes regiões produtoras.
Segundo o Índice Scot Consultoria de Captação, na média nacional, a produção aumentou 2,0% em outubro, em relação a setembro. Para novembro, segundo dados parciais, é esperado crescimento de 0,4% no volume.
Apesar dos incrementos nos últimos meses, de janeiro a novembro, a queda foi de 0,7% na produção nacional, frente a igual período de 2015. Destacando que em 2015, a produção já foi menor que no ano anterior.
Ou seja, não existe excesso de leite, com expectativa de este ser o segundo ano consecutivo de queda na produção.
E os custos de produção?
Desde junho do ano passado, os custos de produção não deram trégua. Somente nos meses de julho, setembro e novembro de 2016, o índice apresentou queda na comparação mensal.
Os itens com maior peso neste aumento foram: colaboradores, energia, combustível, além dos alimentos concentrados, com destaque para o milho, e suplementos minerais.
Até novembro os custos subiram 22,0% em relação a igual período de 2015, segundo o Índice Scot Consultoria de Custo de Produção da Pecuária Leiteira.
Esta alta dos custos estreitou a margem da atividade. Em 2016, o cenário foi de retranca, com baixos investimentos e cortes de despesas, o que acabou impactando na produção.
Considerações finais e expectativas para 2017
O pico de produção está previsto para dezembro/16 ou janeiro/17 no Brasil Central e bacias leiteiras da região Sudeste. Ou seja, até lá a previsão é de que o incremento da oferta continue pressionando o mercado.
Um ponto importante é a produção de leite no Sul diminuindo a partir de novembro, o que deve ajustar em parte a disponibilidade no país.
Para 2017, a expectativa é de mercado mais ofertado que em 2015 e 2016, porém, sem excesso de produção. A expectativa é que a demanda interna tenha uma melhora gradual e isso é favorável para a cotação do leite aos produtores.
Com relação aos custos de produção, a expectativa é de produção maior de milho na temporada atual e patamares mais baixos de preços. O insumo foi o grande vilão em 2016.
O dólar em alta, porém, é um fator de atenção para os produtos importados ou que tem os preços atrelados ao mercado internacional, como o farelo de soja e fertilizantes, por exemplo.
Chamamos a atenção para a questão das importações de lácteos, em particular de leite em pó. Os volumes importados pelo Brasil aumentaram consideravelmente em 2016, com a produção menor no mercado interno e a menor competitividade do produto nacional.
Para 2017, os aumentos de preços do produto no mercado internacional e o dólar mais valorizado podem contribuir para volumes menores de importação.
Por fim, planejamento, gestão e estratégias de compras de insumos são essenciais, em especial em anos de incertezas.
A previsão é de um quadro um pouco melhor para a atividade leiteira em 2017, com recuperação (ligeira) da margem para o produtor, porém, um ano que exigirá cautela de todos os elos do setor.
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