A balança comercial de lácteos terminou 2016 com déficit de US$484,52 milhões, segundo dados do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços. O déficit aumentou 401,5% em relação a 2015. É o maior desde 2013. Veja a figura 1.
Figura 1.
Saldo da balança comercial brasileira de lácteos desde 2000, em milhões de dólares.
Fonte: MDIC / Elaborado pela Scot Consultoria – www.scotconsultoria.com.br
Exportação
Em 2016, as exportações brasileiras de produtos lácteos caíram 29,6% na comparação com 2015, totalizando 51,82 mil toneladas.
Esse desempenho sofrível pode ser explicado em função da queda da produção e da alta de preços dos produtos nacionais (menor competitividade no mercado internacional). Além disso, importantes clientes, como a Venezuela, reduziram as compras em 2016.
Importação
As importações aumentaram 80,6% em volume em 2016, comparado com 2015, totalizando 242,57 mil toneladas de lácteos.
A menor disponibilidade interna, com a queda na produção de leite e derivados, e as quedas de preços dos lácteos no mercado internacional na primeira metade do ano, estimularam as compras fora do país.
Indicadores para 2017
Alguns indicativos nos levam a crer que as importações de lácteos (visto como um dos pontos negativos para o setor em 2016) devem ser menores em 2017.
Apesar das recentes quedas nos preços dos produtos no mercado internacional existem sinais de recuperação das cotações, devido a menor oferta mundial. Atualmente, o preço médio do leite em pó está em US$3.283,00/t, 50,0% mais que há um ano.
Figura 2.
Preços médios do leite em pó integral e dos produtos lácteos no último ano dos leilões da Global Dairy Trade (GDT), em US$/t.
Fonte: Global Dairy Trade / Compilado pela Scot Consultoria – www.scotconsultoria.com.
Os contratos futuros de leite em pó integral indicam um mercado andando de lado nos próximos meses. No entanto, até agosto os preços variam entre US$3.269,00 e US$3.325,00, patamar acima do verificado em igual período de 2016.
Tabela 1.
Preços futuros do leite em pó integral nos leilões da Global Dairy Trade.
*cotações do dia 17/1.
Fonte: Global Dairy Trade / Compilado pela Scot Consultoria – www.scotconsultoria.com.br
A expectativa de melhora gradual na produção nacional também deve contribuir para o cenário.
Outro fator, o dólar, apesar das incertezas, deve permanecer em patamares altos este ano, o que dificulta a compra de produtos de fora do país. No entanto, este mesmo fator deve favorecer as exportações, visto a maior rentabilidade com a venda do produto.
Ainda com relação aos embarques brasileiros, a Venezuela principal cliente do país, está com sua economia abalada devido à queda no preço do petróleo (questões econômicas), além de questões políticas, reduzindo a demanda por lácteos.
A China, após abertura do mercado para os lácteos brasileiros em setembro de 2015, ainda não comprou volumes significativos. Porém, a expectativa de queda na produção doméstica chinesa deve colaborar para incremento do volume importado pelo país, o que deve contribuir para uma demanda mundial firme.
Considerações finais
É difícil fazer previsões para este ano que se inicia, no entanto, apresentamos alguns fatores que terão influência sobre a balança comercial de lácteos.
Para 2017 a conjuntura não deverá ser diferente da de 2016, e a projeção é de que o déficit na balança comercial de lácteos continue, porém, deverá ser menor que o registrado em 2016.
Confina Brasil divulga benchmarking, análise comparativa da pecuária intensiva brasileira
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