O mercado do boi gordo, até novembro, caiu pouco menos de 3,5% em valores nominais frente ao que se viu em 2016, na média de 32 praças pecuárias pesquisadas pela Scot Consultoria. Remuneração menor, só não gera prejuízo ao fluxo de caixa da fazenda se a produtividade aumentar a ponto de compensar essa depressão de preço ou então quando os desembolsos caem, pelo menos, na mesma medida.
Nesta análise, vamos concentrar-nos nos desembolsos. Para isso usamos o Indicador de Custo de Produção da Scot Consultoria (ICPSC), alimentado mês a mês com as cotações de fertilizantes, concentrados proteicos e energéticos, suplementos minerais, combustíveis, defensivos e medicamentos veterinários.
É bom esclarecer que se trata de um índice, ou seja, não representa o comportamento dessa ou daquela fazenda, é um sinalizador de movimento do mercado. É o mesmo que um índice de inflação. Não é porque o IPCA subiu 4%, por exemplo, que o custo na casa de todos os brasileiros ficou 4% maior.
Depende de quais produtos estão sendo usados na fazenda.
Mas, analisando as variações mensais dos insumos que formam esta ferramenta desenvolvida pela Scot Consultoria, está claro que o pecuarista, embora recebendo menos pela arroba, também gastou menos em 2017.
Entre janeiro e julho deste ano os insumos caíram, em média, 5,8%, embora o boi gordo, considerando as variações nas 32 praças pesquisadas pela Scot Consultoria, tenha recuado mais, 11,4%. Mas, a situação melhorou e, desde então, até novembro, o ICPSC subiu 2,9% frente uma alta três vezes maior para a arroba, de 9,5%. Veja a figura 1.
Figura 1.
Variação mensal do índice de custos de produção da Scot Consultoria (ICPSC) e do preço da arroba do boi gordo, considerando a média de 32 praças pecuárias. Janeiro = base 100.
Fonte: Scot Consultoria – www.scotconsultoria.com.br .
Ou seja, apesar dos acontecimentos que colidiram com o mercado do boi gordo em 2017, os custos foram menores quando a cotação da arroba caiu e não subiram na mesma medida que a arroba na segunda metade do ano.
Veja agora na figura 2 a situação de custos versus preço da arroba em dois momentos do ano.
Figura 2.
Variação do índice de custo de produção da Scot Consultoria e do preço da arroba do boi gordo** em 2017.
* até novembro
** média de 32 praças pecuárias pesquisadas pela Scot consultoria
Fonte: Scot Consultoria – www.scotconsultoria.com.br
Veja na figura 3 que o item alimentos concentrados energéticos, liderado pelo milho, foi o que mais aliviou o bolso do pecuarista ao longo dos meses.
Figura 3.
Média das variações mensais da cotação dos insumos.
Fonte: Scot Consultoria – www.scotconsultoria.com.br
É claro que quem não suplementou com milho, não sentiu essa redução de desembolsos, mas também não teve que pagar em 2016 quase duas vezes mais do que pagou um ano antes pelo insumo. Ou seja, passou “sem perceber nada” nestes dois anos.
Agora, note que o grupo suplemento mineral (composto por vários produtos de diferentes empresas), este que certamente inclui um dos produtos mais utilizados na pecuária nacional, na média mensal de 2017, caiu menos do que em 2016, mas acumula pequena desvalorização há dois anos.
O que chama a atenção é que, primeiro, o item que mais subiu este ano foram produtos para sanidade, que representam ao redor de 3% do custo operacional de uma fazenda. Depois, veio a mão de obra. Logo após está o óleo diesel e combustíveis, que compõem a hora máquina de tratores agrícolas, cujo uso não é intenso em uma fazenda de pecuária. Por fim, os fertilizantes, que são parte de um custo maior, que é o da pastagem, e que é diluído ao longo dos anos, se não houver manutenções anuais do capim, como normalmente ocorre na pecuária nacional.
Ou seja, dentre os insumos, o que mais subiu foi o que, na maioria das vezes, menos impacta no sistema.
Portanto, o custo para se produzir bem em 2017, caiu. E, produzir bem, é o melhor a fazer em anos de queda de preços da arroba pois melhora o resultado operacional.
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