O bom cenário para o mercado do leite no primeiro semestre de 2017, deu lugar às incertezas e à queda do preço ao produtor e aos demais elos da cadeia na segunda metade do ano.
Em função da demanda ruim na ponta final da cadeia e do crescimento da produção, o mercado perdeu sustentação.
A cotação do leite pago ao produtor está caindo desde o pagamento de junho (figura 1). Em novembro, considerando a média nacional, a cotação caiu 1,6% na comparação mês a mês. Frente a igual período de 2016, a queda é de 8,2% em valores nominais.
Figura 1.
Preço do leite ao produtor, média nacional, em R$ por litro, sem o frete, valores nominais.
Fonte: Scot Consultoria – www.scotconsultoria.com.br
Com referência à produção, depois de dois anos de queda, esta aumentou em 2017 com o clima favorável e também em função do recuo no custo de produção, principalmente ao relacionado à dieta, com destaque para o milho e o farelo de soja.
Segundo o Índice de Captação de Leite da Scot Consultoria, na média nacional, o volume captado pelos laticínios aumentou 2,5% de janeiro a novembro, comparativamente com igual período de 2016.
E o custo de produção?
O Índice de Custo de Produção da Scot Consultoria para a atividade leiteira está crescendo desde agosto. De lá para cá, acumula alta de 5%.
Cabe destacar, porém, que apesar da alta nos últimos meses, o custo está 9,4% menor na comparação ano a ano.
Para o produtor de leite, com o aumento de custo e as seguidas desvalorizações no preço do leite recebido as margens se estreitaram no segundo semestre (figura 2).
Figura 2.
Preço do leite ao produtor versus custos de produção da pecuária leiteira, base 100= janeiro de 2016.
Fonte: Scot Consultoria – www.scotconsultoria.com.br
Considerações finais e expectativas para 2018
O pico de produção está previsto para dezembro de 2017 no Brasil Central e bacias leiteiras da região Sudeste. Ou seja, até lá a previsão é de que o incremento da oferta continue pressionando o mercado.
Um ponto importante é a produção de leite na região Sul e Nordeste diminuindo, o que deve ajustar, em parte, a disponibilidade de leite no país, e diminuir a pressão de baixa.
O cenário é de estabilidade a ligeira queda no pagamento no mês de dezembro. Para janeiro de 2018, a expectativa é de manutenção dos preços aos produtores. Espera-se uma reação nas cotações a partir de fevereiro do ano que vem.
Para 2018, a expectativa é de crescimento comedido na produção, entre 1,5% a 2%, ou seja, abaixo do registrado em 2017, mas dando continuidade ao aumento da produção interna.
Para o consumo interno, espera-se uma retomada do crescimento, porém, em ritmo mais fraco que o observado antes da crise. Estima-se uma ligeira retomada da demanda interna por produtos de maior valor agregado, como iogurtes e leite condensado, entre outros.
Alguns indicadores econômicos deverão colaborar para este cenário, tais como, o recuo da taxa de desemprego e o avanço do PIB (produto interno bruto), além de outros indicadores de crescimento da economia.
A expectativa é de uma amplitude maior das altas de preço para o produtor no primeiro semestre de 2018, frente ao verificado em igual período de 2017.
Para o pecuarista, a situação é de cautela, já que a atividade vem de dois anos de margens apertadas e prejuízos em muitos casos.
O custo de produção maior exigirá planejamento para a compra de insumos. Ouviremos falar mais sobre o clima também, depois de um 2017 favorável em termos de chuvas.
Agro Num Instante - Temporada 2 - Episódio 214 - Farelo de algodão: quinto mês de alta nos preços
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