As inspeções para permitir a comercialização de carne no Brasil, garantem a qualidade dos produtos que chegam até a mesa do consumidor.
Além de normas sanitárias e tecnológicas, os selos determinam também o raio de comercialização dos frigoríficos.
Temos três selos frente às normas para comercialização da carne: o Serviço de Inspeção Municipal (SIM) que permite o comércio da carne somente no território do município que se encontra o frigorífico, o Serviço de Inspeção Estadual (SIE), que permite o comércio apenas dentro dos limites do estado e o Serviço de Inspeção Federal (SIF) que autoriza a comercialização da carne para o mercado externo e todo território nacional. (MAPA, 2017)
Segundo levantamento da Scot Consultoria, no primeiro semestre de 2017 eram 1146 frigoríficos que operavam nas três modalidades de inspeção descritas (IBGE, 2017). Sendo que 49,9% dos frigoríficos possuíam SIM, 33,5% possuíam SIE e 16,6% o SIF.
A pesar do número de frigoríficos que possuem apenas a inspeção municipal ser quase 50% do montante total, a representatividade de abate é de apenas 6,5% quando comparados à quantidade de animais abatidos.
Segundo levantamento da Scot Consultoria, a capacidade de abate diário para esse segmento é pequena, com média de 13,3 cabeças/dia. São plantas de pequeno porte, e o raio de alcance não vai além dos limites territoriais do município.
Já para os frigoríficos com inspeção estadual (SIE), a ponderação de abate é de 19% e para estabelecimentos que possuam a inspeção em nível federal (SIF) é de 74,5%. Esses dados não consideram o mercado informal/ilegal de bovinos em território nacional. Veja na figura 1.
Considerando a representatividade dos frigoríficos que possuem o SIF e SIE, com aproximadamente 93,5% dos abates totais, 12,1% dessas plantas se encontram em Goiás, seguido de Santa Catarina com 10,7%, Minas Gerais com 10,1% e São Paulo com 9,9% dos frigoríficos totais. Observem na Figura 2.
A maioria dos frigoríficos nacionais se concentram nos grandes polos de consumo e em função da logística em relação a portos para a exportação, uma vez que os meios de transporte de produtos agropecuários estão prejudicados pela falta de infraestrutura.
De acordo com dados da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes, de janeiro a novembro de 2017, o Porto de Santos-SP respondeu por 61% da exportação de carne bovina, seguido pelo Porto de São Francisco do Sul-SC com 13% e o Porto de Paranaguá-PR com 8%. (ABIEC, 2017)
Dentre os frigoríficos cadastrados com SIF, o mercado de carnes brasileiro é dominado por três indústrias.
A primeira delas que domina 30% dos abates do mercado de bovino nacional é a JBS S.A., seguido pelo grupo Marfrig Global Foods com 16% e Minerva Foods com 11%.
De acordo com estudo feito em 2017, pela Scot Consultoria, a JBS possuía 37 plantas ativas no Brasil, abatendo em média aproximadamente 33 mil bovinos por dia. A segunda colocada, Marfrig Global Foods detinha 14 plantas ativas no Brasil, com aproximadamente 14,5 mil bovinos por dia. Por fim, a Minerva Foods, com 11 plantas ativas no país abatia a 11,8 mil bovinos por dia. (Scot Consultoria, 2017)
Um dado interessante a ser observado é a ociosidade desses frigoríficos, que é a capacidade total de abate diário do frigorífico pelo total de bovinos abatidos no dia, em percentagem.
Quanto maior o indicador de ociosidade, maior o custo do frigorífico.
Quanto a ociosidade podemos destacar aspectos de acordo com a média estadual dos principais estados que detêm o maior número de frigoríficos.
Analisando o período de novembro de 2017 a janeiro de 2018, está evidente que ociosidade diminui com a proximidade de dezembro, em consequência do aumento do consumo por causa das festas do final de ano.
Em janeiro, por sua vez, em virtude das férias e mudança da dieta, e por causa do acúmulo de taxas e impostos lançados no mês, o consumo de carne diminui, e consequentemente o giro dos frigoríficos fica lento, diminuindo a quantidade de rebanhos abatidos diariamente. A ociosidade aumenta.
Com a entrada de fevereiro e as festividades de carnaval, a tendência é que o mercado se aqueça e a demanda pela carne aumente, diminuindo consequentemente a ociosidade dos frigoríficos. Porém, esse ano tivemos um fevereiro atípico para alguns estados, que não conseguiram recuperar a queda do mercado de carnes, e com isso aumento da ociosidade mesmo estando em fevereiro.
Considerações finais
As normas de inspeção que garantem a qualidade da carne brasileira tanto para o mercado interno quanto para exportação são rigorosas, e estabelecem um padrão de qualidade do produto ofertado.
A distribuição espacial das plantas frigoríficas está disposta de forma que atendam os polos consumidores, buscando também melhor logística para exportação e para a originação de matéria prima.
De acordo com dados da Scot Consultoria o volume de carne in natura exportada em 2017 foi 12,4% maior que em 2016.
Referências Bibliográficas
SCOT CONSULTORIA. Frigoríficos de Bovinos no Brasil, 2017.
GOVERNO DO BRASIL. Com sistema rigoroso, fiscalização brasileira garante qualidade da carne. Disponível em: Acesso em: 04/02/2018.
MAPA. MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO. Relação de Estabelecimentos. Disponível em: Acesso em: 04/02/2018
MAPA. MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO. Frigoríficos. Disponível em:< http://www.agricultura.gov.br/guia-de-servicos/frigorificos> Acesso: 05/02/2018
ABIEC. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DAS INDÚSTRIAS EXPORTADORAS DE CARNES. Exportação de carne bovina por principais portos, 2017. Disponível em:< http://abiec.com.br/exportacoes-portos-2016.pdf> Acesso: 05/02/2018
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